2º ANO EM

21 de agosto de 2019


Os estudantes e as estudantes do 2º ano do Ensino Médio foram convidados a captar imagens poéticas, que inspiraram metáforas, comparações metafóricas, sinestesias e outras figuras de linguagem que conferem à poesia sua significação conotativa, ponto de partida para a linguagem poética. Assim, a realidade concreta e cotidiana, compreendida e explorada pela poesia, revela sua expressividade de modo livre e se encontra simbolizada nas metáforas do mundo.

Essas “metáforas da vida” dialogam com o estudo crítico realizado pelos alunos sobre o Simbolismo Literário, movimento inspirado na poética de Charles Baudelaire e na sua “teoria das correspondências”. Além disso, essa perspectiva de colher no próprio cotidiano o material para a poesia também foi explorada neste ano a partir de passagens do filme O carteiro e o poeta, em que o poeta chileno Pablo Neruda, exilado na Itália, torna-se amigo de um carteiro que lhe pede para ensinar a escrever versos no intuito de conquistar uma moça do povoado.

Portanto, convidamos todos os presentes a mergulhar nesta nossa “floresta de símbolos”, conhecendo e decifrando as metáforas da vida encontradas por nossos jovens, que se inspiraram e nos inspiram com as belezas e angústias do mundo.

 

Correspondências

 

A natureza é um templo em que vivas pilastras
deixam sair às vezes obscuras palavras;
o homem a percorre através de florestas de símbolos
que o observam com olhares familiares.

Como longos ecos que de longe se confundem
numa tenebrosa e profunda unidade,
vasta como a noite e como a claridade,
os perfumes, as cores e os sons se correspondem.

Há perfumes saudáveis como carnes de crianças,
doces como oboés, verdes como as campinas,
– e outros, corrompidos, ricos e triunfantes,

tendo a efusão das coisas infinitas,
como o âmbar, o almíscar, o benjoim e o incenso,
que cantam os êxtases do espírito e dos sentidos.

(C. Baudelaire)

 
 

Professores André Fernandes e João Cunha