Localismo e cosmopolitismo de grandes centros urbanos

12 de dezembro de 2016


“Los mundos nuevos deben ser vividos antes de ser explicados.”
(Alejo Carpentier)

A leitura da instigante frase de Carpentier, escritor cubano célebre por seus estudos sobre o realismo mágico na literatura latino-americana, leva-nos a questionar se a experiência de viver em um novo lugar deve necessariamente pressupor o conhecimento prévio que dele podemos obter. De qualquer maneira, seja a partir de viagens ou de pesquisas, o fato é que o contato com novos mundos nos aproxima de outros povos. Afinal, como já dizia o dramaturgo inglês William Shakespeare, em sua peça Coriolano: “o que é a cidade senão as pessoas?”

Durante o curso de Espanhol, os alunos do 9º ano falaram sobre lugares a partir de diferentes perspectivas: a do viajante que efetivamente viveu a experiência e a do leitor investigativo que capta informações sobre o seu objeto de estudo. Primeiramente, os alunos escolheram os destinos que de alguma maneira os marcaram e, logo, expuseram oralmente suas experiências, ilustradas muitas vezes por fotografias tiradas pelo olhar subjetivo de cada um. Para isso, tiveram como ponto de partida o antológico poema do escritor espanhol Antonio Machado (1875–1939):

 

Caminante, son tus huellas                         Caminhante, são teus rastos
el camino y nada más;                                 o caminho e nada mais;
Caminante, no hay camino,                        Caminhante, não há caminho,
se hace camino al andar.                             faz-se o caminho ao andar.
Al andar se hace el camino,                        Ao andar faz-se o caminho,
y al volver la vista atrás                              e ao olhar-se para trás
se ve la senda que nunca                             vê-se a senda que jamais
se ha de volver a pisar.                                se voltará a pisar.
Caminante no hay camino                          Caminhante, não há caminho,
sino estelas en la mar.                                  somente sulcos no mar.

 

Posteriormente, divididos em grupos, os alunos pesquisaram informações sobre os grandes centros urbanos Buenos Aires, Santiago do Chile, Lima, Cidade do México, Madri e Barcelona e organizaram uma apresentação que abordasse aspectos históricos, urbanos e culturais desses lugares.

Como etapa final de seu estudo sobre viagens e grandes cidades, participaram do bate-papo organizado pelas equipes de Espanhol e Geografia com o jornalista e apresentador Zeca Camargo sobre localismo e cosmopolitismo de grandes centros urbanos. Nessa ocasião, discutiu-se o que as cidades hispânicas pesquisadas mantinham de local e particular, apesar de terem se tornado centros cosmopolitas que se abriram a diferentes povos, culturas e costumes.

Entre as várias histórias contadas pelo jornalista, está uma que remonta à sua infância, quando o seu pai pedia a ele e a seus irmãos que escrevessem pelo menos um verbete sobre o destino de viagem que a família havia planejado. Segundo ele, pesquisas como essa e as posteriores viagens que fez o ajudaram a perceber que “dentro de um limite territorial cabem inúmeras culturas, que felizmente se misturam e se transformam”. E acrescentou que “construções deixam seus registros, mas as pessoas responsáveis por elas estão sempre mudando. É isso que torna o mundo tão interessante”.

Alexandre Fiori e Lorena Menón
são professores de Espanhol.