Visitação ao Museu Afro Brasil

17 de outubro de 2016


Mãe preta

Mãe preta, me conta uma história.
Então, fecha os olhos, filhinho:

“Longe, longe,
Era uma vez o Congo. Depois…”
Os olhos da preta velha pararam.
Ouviu barulho de mato no fundo do sangue.

Um dia
Os coqueiros debruçados naquela praia vazia.
Depois, o mar que não acaba mais.

Depois
Ué, mãezinha, por que não acaba o resto da história?

(Raul Bopp, Urucungo)

Entre os dias 27 e 30 de setembro, os alunos do 7º ano foram ao Museu Afro Brasil, sediado no Parque Ibirapuera, em São Paulo. A visitação é etapa do projeto África, de cunho transdisciplinar.

Em suas respectivas abordagens pedagógicas, Artes, História e Língua Portuguesa tratam a herança africana como matriz formadora de nossa identidade nacional. Assim, busca-se desenvolver nos alunos a análise crítica da visão que atenua a narrativa famigerada de séculos de história(s) de milhões de africanos e afrodescendentes, escravizados, que contribuíram para e na formação sociocultural e econômica deste país.

Nesse sentido, ir ao Museu Afro, que assume como pilar o objetivo de “exibir, como negro, quem negro foi e quem negro é no Brasil”, favoreceu esse projeto trabalhado com o 7º ano, que permeia todo o segundo semestre letivo das disciplinas citadas.

Para que não nos esqueçamos, portanto, dessa(s) história(s) que estão imbricadas com a sociedade que nos é contemporânea, mediamos acessos ao conhecimento, recorrendo a uma perspectiva menos eurocêntrica e mais inclusiva de novos espaços e sujeitos no “mapa” da história, nas palavras de Lima Souza, do Laboratório de Estudos Africanos da UFRJ. Desse modo, os alunos foram convidados a enxergar para além de uma África folclorizada: entre alianças e resistências, africanos desempenharam papel ativo na construção de nossa história brasileira.

Augusto Russo (História), Clarissa Mariano, Juliana Yokoo (Língua Portuguesa) e Luca Caltran (Artes) são professores do 7º ano.