“Momo e o senhor do tempo” – reflexões

6 de setembro de 2016


“O tempo passa? Não passa.
Não há tempo consumido
nem tempo a economizar.
O tempo é todo vestido
de amor e tempo de amar.”
(Carlos Drummond de Andrade)

Mistério que refreia os tenazes cotidianos e delonga as mais frouxas rotinas, o tempo é “mito de calendário”, ao menos para quem não teme o silêncio do refletir, para aquele(a) que (ainda) frui o presente. Ao menos para os alunos do 7º ano, em palestra apresentada no dia 22 de agosto pelo professor de Filosofia do Ensino Médio, Felipe Corazza.

Conto-romance de férias, Momo e o senhor do tempo, de Michel Ende, é um convite ao tempo, não ao do relógio, freneticamente matemático, mas ao período peculiar, individual, que o botão leva para se desabrochar em uma das mais belas “flor-das-horas”. Refletir sobre o “compositor dos destinos” exigiu que nossos alunos passassem pelo tempo do maturar até se disporem ao pensar filosófico: tempo vivido ou poupado e consumido?

Estando acordados com Momo de que “Tempo é vida; e a vida mora no coração”, como não se inquietar diante da equiparação de que tempo é dinheiro em uma sociedade de consumo, por vezes vil, sendo preciso economizá-lo? Como não se desassossegar diante da irrefutável incoerência do brincar sozinho, na solidão velada dos tablets e modernos celulares, dos duradouros jogos virtuais?

É preciso não virar fantasma de si mesmo. É preciso ser. E, nesse contexto, a conversa filosófica foi ao encontro de questões que transcendem os limites das nossas salas de aulas. Ainda bem!

A narrativa de Momo, uma menina que tinha escuta afiada num mundo pouco dialógico, e o filosofar sobre o tempo não são fins em si mesmos. Tal qual aconteceu a Momo antes de vencer as temíveis figuras cinzentas, ladrões do tempo humano, as palavras lançadas em nossas discussões seguem crescendo dentro dos nossos alunos para que sejam eles os próprios senhores de seu tempo.

Clarissa Mariano e Juliana Yokoo
são professoras de Língua Portuguesa do 7º ano.