Villa-Lobos, o garimpeiro da cultura popular brasileira
28 de outubro de 2012
“Sim, sou brasileiro, e bem brasileiro. Na minha música, deixo cantar os rios e os mares deste grande Brasil. Eu não ponho mordaça na exuberância tropical de nossas florestas e dos nossos céus, que transporto instintivamente para tudo que escrevo.”
(Heitor Villa-Lobos)
Pensar sobre o impacto da Semana de Arte Moderna para os brasileiros é imaginar a transformação e a valorização de um dos elementos mais característicos de um povo: sua cultura. Muitos artistas foram importantes tanto para esse evento como para o Movimento Modernista, ao discutirem a arte representada de diferentes formas por meio da literatura, da pintura e da música.
O trabalho desenvolvido pelos alunos do 1º ano do Ensino Fundamental focou uma dessas facetas: a música erudita – no caso, composta por Heitor Villa-Lobos.
Para quem não conhece a trajetória de Villa-Lobos, pode soar estranho um dos maiores ícones da música erudita relacionar-se diretamente à cultura popular brasileira, mas foi por essa característica que Villa-Lobos subiu ao palco do Teatro Municipal na Semana de 22. Ele manifestou, juntamente com outros artistas, o ideal de rompimento com os padrões acadêmicos vigentes na época.
Melodicamente, entre violinos, harpas, violoncelos e trompetes, o compositor incorporou à música erudita elementos de nossa cultura, tais como o canto do lendário pássaro uirapuru, os saltos do Saci, o ritmo marcante de canções indígenas, a típica melodia caipira, o chorinho das tardes cariocas e as cantigas presentes no cotidiano da infância brasileira. Ainda, não faltaram os ruídos do progresso que se faziam presentes na década de 1920. Quem não se lembra do som frenético do trem presente na obra “Tocata”, popularmente conhecida como “Trenzinho caipira”? Villa-Lobos inovou ao inserir o violão na orquestra, instrumento marginalizado – por não ser considerado “nobre” como o piano e o violino –, mas muito utilizado pelos “chorões”, os quais influenciaram o compositor. Devido a tantas mudanças, sem dúvida, Villa-Lobos quebrou paradigmas e lançou um novo olhar sobre a música erudita nacional.
As viagens feitas por todo o país, de norte a sul do Brasil, não tiveram como propósito apenas perceber a aparente diversidade brasileira. Muito mais do que isso, Villa-Lobos fez o país – que ele viu, ouviu, saboreou e sentiu – emergir de sua produção, inserindo nela os respectivos traços regionais.
Ao retomar essa história do compositor durante as aulas, os alunos passaram a reconhecer elementos nacionais característicos que, em muitos aspectos, eram desconhecidos deles. Será que não era justamente essa a intenção de Villa-Lobos? Fazer com que seu país reconhecesse, repensasse e valorizasse a musicalidade e a cultura brasileira?
“Navegue” pelas produções escritas de nossos alunos e reflita sobre uma possível resposta.28
Analu Del Picchia
Ligia Battaglia
Livia Oliveira
Maria Luiza Toleto
Wanessa Salvatore
Professoras do 1º ano do Ensino Fundamental