Adaptação na Móbile Integral
24 de março de 2017
O início de um novo ano escolar direciona as ações da escola para um processo que precisa ser bastante cuidado: a adaptação dos alunos. Esse processo ganha uma pitada a mais quando, além de uma nova série, os alunos ingressam em uma nova escola: nada é reconhecido, tudo é absolutamente novo – proposta pedagógica, espaço físico, professores e colegas. Trata-se de um espaço com ideias, relações interpessoais, oportunidades, situações de aprendizagem, formas de agir e pensar com as quais a criança nunca havia se deparado anteriormente. Essa experiência, certamente, promove um crescimento fabuloso do ponto de vista social, emocional e cognitivo, porém proporciona aos que a vivenciam um desafio a ser superado. E esse foi o contexto vivido pelos primeiros alunos da Móbile Integral – do Infantil 4, 5, 1o e 2o ano de 2017.
Premissas que estruturam o processo de adaptação
Pensar o processo de adaptação requer um exercício de empatia, de apropriação, pela equipe pedagógica, dos sentimentos vividos por aqueles que se aproximam do novo: os alunos e seus pais. Nesse exercício, recuperam-se na memória os primeiros dias de aula já vividos pelos professores quando estes assumiam outro papel: o de aluno. As crianças vivem a ansiedade e excitação por um novo começo, a insegurança na construção de uma nova história, o medo diante da separação dos pais e a saudade da escola anterior. Os pais, por sua vez, vivem a expectativa do contato de seus filhos com pessoas até então desconhecidas e anseiam pelo êxito na adaptação escolar. Nesse exercício coletivo, evidencia-se a singularidade de cada agente: esses sentimentos são vividos em intensidades e em tempo diferentes. Para alguns, rapidamente, a insegurança diante do novo cede lugar a uma experiência excitante e agradável. Junto àqueles que estão encantados com esse início, há os que choram, que resistem à nova rotina ou que não aceitam a aproximação dos adultos que os acompanham na escola, apresentando a necessidade de vivenciar a adaptação por mais tempo. Portanto, acolhimento à singularidade deve permear toda a ação educacional no processo de adaptação.
Mas, afinal, o que é adaptar-se a uma nova escola? Para alguns, adaptar o aluno implica inseri-lo, acomodá-lo em um novo contexto, assim como uma peça de quebra-cabeça que precisa encaixar-se com precisão em todas as demais peças já montadas, que, juntas, comporão um cenário preestabelecido. Nesse sentido, a ação é unilateral. Para a Móbile, trata-se de um processo de interação, de apropriação e de transformação. De quem? Do aluno, do espaço, dos professores e do grupo. É um processo de socialização construtivo entre pares educativos – pais, crianças, professores e instituição.
Ações que estruturam o período de adaptação
Partindo dessa concepção e de todos os sentimentos implicados no processo de adaptação, planejam-se atividades a fim de contribuir para que esse período de adaptação seja tranquilo e seguro para todos.
Antes mesmo de as aulas começarem, pais e filhos são convidados a vir à escola. Nessa visita, eles são recebidos com um delicioso café da manhã e por pessoas muito especiais: os professores que os acompanharão ao longo do ano. Alunos e pais são reunidos em sala de aula com o grupo classe, onde todos são apresentados e, depois, levados para conhecer e explorar, juntos, os diversos espaços da escola. Trata-se de uma primeira aproximação com o que antes era totalmente desconhecido.
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Ainda, antes do primeiro dia de aula, uma reunião coletiva com todos os pais, coordenador e professores da série acontece – marca-se o início de uma relação de confiança e parceria, em que a primeira empreitada é a adaptação dos alunos.
O tempo, o espaço e as atividades dos primeiros dias de aula e dos demais dias que marcam o processo de adaptação são pensados de modo a propiciar diversas conexões. Conexão entre cada criança e seu professor, em que este passa a reconhecer marcas peculiares de cada aluno. Tal reconhecimento permite que o aluno sinta-se cada vez mais seguro, pois não são apenas os pais que o conhecem e o reconhecem dentro de um coletivo; seu professor também o faz, dando início a uma relação de confiança. Conexão entre os alunos, em que nomes, preferências, jeitos de ser, de pensar e de fazer são reconhecidos e passam a coexistir em um mesmo espaço, de modo a constituir-se como grupo. Conexão com o espaço físico, em que experiências sensoriais e afetivas são registradas na memória ao mesmo tempo que marcas são deixadas por todos que ali estiveram. Conexão com a aprendizagem, em que cada um contribui com a bagagem que carrega, que se transforma e se amplia a cada nova situação. São essas conexões que contribuem para a construção de uma nova relação amorosa vivida entre o aluno e sua escola. Relação esta que sustentará a vontade de cada dia retornar para viver todos os prazeres e as dores da construção da independência e da autonomia.