Conhecer, pesquisar, propor

5 de abril de 2011


Entre queixas e propostas, aborrecimentos e reparações, frutos da convivência cotidiana dos nossos jovens alunos, há um importante espaço para o nosso trabalho educacional. Um espaço que envolve várias aprendizagens, dentre elas reconhecer e nomear os sentimentos, reconhecê-los também no colega, respeitá-los, aprender que a vida em grupo implica concessões, restrições e também muitas alegrias.

Reconhecendo a riqueza desse espaço e também a necessidade de abordarmos alguns conflitos muitas vezes subterrâneos que habitam as relações dos alunos, fizemos, ao final do 1º semestre, uma pesquisa que nos trouxe algumas pistas. Levantamos com as crianças dois aspectos que, na convivência daquela turma, mereceriam ser discutidos com maior profundidade. Lançamos algumas alternativas, com base nas nossas observações, e solicitamos que eles escolhessem duas delas. Deixamos também um espaço que poderia ser preenchido com outras possibilidades presentes em seu dia a dia. Abaixo, acompanhe as alternativas apresentadas aos alunos, bem como os resultados de cada uma das classes:

A – Excluir um colega do trabalho ou da convivência;

B – Participar de fofocas;

C – Medir uma pessoa pelas coisas que ela tem;

D – Classificar os alunos entre populares e não populares;

E – Fazer o que o grupo espera e não o que eu acho que deve ser feito;

F – Perseguir ou implicar com um colega;

G – Tratar-se com agressividade ou grosseria;

H – Resolver problemas por meio da força física e/ou xingamento;

I – Passar bilhetes durante as aulas;

J – Conversar durante as aulas;

K – Outros.

conhecer-tabelas

Os dados foram tabulados, e passamos então para a segunda etapa deste projeto. Nas aulas de Orientação Educacional, apresentamos os resultados das turmas. Fizemos uma leitura e lançamos outras questões: “Como estes problemas aparecem aqui nesta classe? E como podemos solucioná-los?” Este é um momento importante do trabalho, pois os conflitos emergem, ganham visibilidade e podem, dessa forma, ser reconduzidos ou reinterpretados. É também um momento em que as crianças podem falar e serem ouvidas, podem se expor, o grupo se depara com as provocações feitas aos colegas, e  ao longo do processo todos acabam por reconhecer contornos importantes a serem respeitados na  convivência escolar.

Novos pactos são construídos, limites são estabelecidos e, com certeza, as crianças passam a reconhecer dimensões dos relacionamentos até então obscuras. Uma abordagem como esta não estabelece imunidade aos conflitos. Na verdade, uma convivência sem suas turbulências seria bastante monótona. Por outro lado, ampliar a capacidade de localizar e reconhecer conflitos e sentimentos, além de conseguir configurar outros enredos, parece uma prática saudável para crianças em formação.