Medicina na Unifesp
3 de maio de 2017
A seguir, ex-alunos da Móbile nos contam sobre sua experiência universitária.
Medicina na Unifesp
Clara Cardoso Franco Avancini
Formanda de 2014
No começo a gente não entende muito bem por que as pessoas falam com tanto carinho da Escola Paulista de Medicina. No entanto, em poucos meses você começa a entender e percebe que a Escola não é feita só de prédios, salas de aula, um hospital-escola e diversos estabelecimentos espalhados pela Vila Clementino. Mais do que isso, a Escola é feita de vontade. Cada um que passa por lá sabe o que é fazer parte dessa grande família e eu vou tentar explicar um pouquinho melhor como é isso.
A Escola Paulista de Medicina foi fundada em 1933 e somente em 1994 foi incorporada à Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), como é mais conhecida pelos vestibulandos. No entanto, ainda apegados à tradição, os alunos costumam se referir a onde estudam como Escola, EPM, Paulista, Pauli, entre outros apelidos carinhosos. Nós não temos um campus ordinário, isto é, um prédio cercado que concentra todas as salas de aula e com uma área de convivência. Temos casinhas, prédios, ambulatórios, o Hospital São Paulo e diversos estabelecimentos espalhados pelo bairro todo.
Para os crus, como eu era quando entrei, o curso médico é dividido em três etapas: o ciclo básico (1º e 2º anos), o ciclo profissionalizante (3º e 4º anos) e o internato (5º e 6º anos). Algumas mudanças curriculares farão com que o internato, a parte mais prática da graduação, comece já no 4º ano e isso é só um exemplo de como o curso está sempre se atualizando. Os professores são muitos, desde os que entraram há menos de um ano na universidade até os que se formaram na Escola em uma das primeiras turmas e até hoje se orgulham de ensinar lá. Os laboratórios e as salas estão em seu melhor estado de preservação? Não, não estão. Contudo o que a gente vê na Escola é uma vontade que não se vê em outros lugares. A graduação se faz com as pessoas e não só com a estrutura física: o desejo de perpetuar a excelência do curso é o que move a formação em Medicina e os alunos abraçam as oportunidades. Essas são infinitas: pesquisa, iniciações científicas, intercâmbios, ligas acadêmicas nas mais diversas áreas e também atividades extracurriculares, como projetos de extensão ou mentoria.
As pessoas? Seja calouro, seja alguém formado há 30 anos, uma vez dentro da Escola você se torna um índio para sempre. Se você precisar de qualquer coisa, os alunos das turmas acima vão ajudá-lo; se precisar de um médico, alguém vai saber recomendar a você um residente da Escola, que nunca irá virar as costas para um aluno. Afinal, quando você entra na Paulista, você entra para a grande tribo. Claro que há grupinhos como em todo lugar, mas acho que é uma das poucas faculdades em que há amigos verdadeiros entre pessoas de turmas diferentes. Quando você entra, as pessoas querem conhecer os calouros, querem apresentar esse mundo novo a você; vale lembrar que não existe mais trote já há alguns anos.
Como eu disse anteriormente, não temos um campus comum e por isso não temos um único espaço de convivência. A Atlética, no entanto, supre essa falta de uma maneira ótima. É lá que você conhece a maior parte dos veteranos e aprende bastante sobre comprometimento e força de vontade. Aqui a Atlética não é vista como local só de festa ou dos “vagabundos”; sua presença é muito forte na faculdade e qualquer um é bem-vindo. Defender a Escola nas competições é um sentimento único que todos deveriam experimentar. Muitas das melhores memórias que as pessoas formadas têm da graduação se passaram na Atlética. Sempre há algum professor que pergunta como fomos na Intermed – tradicional competição em que as escolas médicas de melhor desempenho esportivo estão reunidas por 10 dias para jogar, torcer, confraternizar – ou aquela pessoa que você conhece da turma 40 e alguma coisa que pergunta, com um sorriso no rosto: O que você treina?