Projeto Memória e Identidade

19 de junho de 2017


São muitas as transformações por que passa uma garota ou um garoto ao sair da infância e entrar na chamada pré-adolescência. São mudanças que a neurociência, nos últimos tempos, conseguiu comprovar serem parte de um processo natural de maturação cerebral, a partir do qual esse novo indivíduo irá gradativamente se desapegar de seus prazeres e modelos infantis e passar a explorar novos ambientes, amizades, interesses e regras sociais.

Diante de uma mente – e também de um corpo – em mutação, inevitavelmente esses meninos e meninas buscarão construir uma nova identidade para afirmar seu lugar no mundo. Ciente desse processo, a equipe pedagógica do 7° ano desenvolve junto a seus alunos o Projeto Memória e Identidade.

A ideia central do projeto é possibilitar que os estudantes reflitam sobre como se constroem as memórias e como elas podem agir diretamente sobre a formação identitária, seja a de uma coletividade, seja a de um indivíduo. Uma das atividades propostas, por exemplo, busca despertar o interesse dos alunos sobre objetos de memória deles ou de seus pais, avós etc., atividade que tanto permite a discussão sobre a diferença entre as memórias material e imaterial como os provoca a lançar um olhar muitas vezes inédito – e, por isso, quase sempre revelador – sobre suas origens.

Como essa, uma série de outras atividades mantém aguçada a curiosidade dos estudantes sobre os modos como o passado se projeta no presente. Destaque-se, entre elas, a conversa com o antropólogo e artista plástico João Galera. Com seu projeto Antes que acabe, Galera usa a arte como um instrumento de resistência da memória, ao registrar em seus desenhos casas e sobrados de nossa cidade que, ameaçados por um processo vertiginoso de verticalização, acumulam décadas ou até séculos da história e da memória paulistanas. Os alunos percebem, nessa conversa, a importância da manutenção e da valorização dos chamados lugares afetivos, conceito a partir do qual vão recriar seus próprios lugares de afeto em uma atividade na disciplina de Artes, usando o desenho como uma comunicação expressiva e sensível de fragmentos de suas memórias.

Na etapa final do projeto, já consciente do conceito de memória e sensível à sua importância, cada aluno construiu sua árvore genealógica, tarefa que, como nos desenhos de Galera, dá concretude à imaterialidade de uma memória e ao sentimento de pertencimento a um grupo familiar.

Enfim, ao lançar um olhar sobre o passado material ou imaterial e sobre sua permanência em nós ou nos lugares em que vivemos, esse projeto do 7° ano do Ensino Fundamental busca oferecer aos jovens pré-adolescentes, numa fase de formação identitária, a oportunidade de perceber como os ladrilhos da memória também nos constroem, ajudando-nos a compor nosso mosaico do ser.

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