Estudo do Meio – 6º ano
8 de agosto de 2017
Mobilizar sensações e percepções dos alunos no processo de conhecimento para depois partir para a elaboração conceitual. Dar oportunidades para o olhar, o ouvir, o tatear, o degustar, a fim de travar novos diálogos com um espaço outro, para além da sala de aula; ensaiar a autonomia. O Estudo do Meio do 6º ano, de natureza interdisciplinar, visa ao desenvolvimento do método investigativo de observação e pesquisa, sem vedar a criatividade e as sensibilidades dos estudantes.
Ainda em São Paulo, o manejo do caderno de campo foi etapa primeira de registro e planejamento das atividades das áreas de Ciências, Matemática, História e Língua Portuguesa. Além disso, a leitura cartográfica do mapa de nosso estado, presente nesse caderno de campo, possibilitou a identificação da distância entre as cidades, bem como da disposição geográfica de Leme.
No percurso, em Rio Claro, a parada em uma pedreira principiou a busca por respostas em relação às técnicas e aos equipamentos que um cientista naturalista utiliza para explorar e investigar diferentes ambientes. Uma vez que se tem como objetivo alimentar a curiosidade pelo saber – e não simplesmente pelo conhecimento inócuo, destituído de crítica –, a observação inicial do paredão milenar, seguida pelas mãos na terra em busca de fósseis de mesossauros, suscitou questionamentos genuínos, respondidos prontamente pela equipe de geólogos e paleontólogos.
Já na Repúbllica Lago, como continuidade à investigação naturalista, os alunos, objetivando coletar informações sobre a teia alimentar, puderam testar, na região do acampamento, o ferramental produzido por eles mesmos, a partir de garrafas PET, latinhas, papelão e muita inventividade, para apreender e soltar pequenos organismos. Os sucessos e as frustrações dessa experiência compuseram etapas fundamentais da construção do conhecimento científico comunicado em sala.
A fim de refletir sobre o consumo da natureza, a equipe de Matemática propôs a coleta de dados relativos não somente à “pegada hídrica” de cada aluno, durante um dia da estada, como também à produção coletiva do lixo no RepLago. Para fornecer aos alunos repertório na análise das informações coletadas, foram utilizadas entrevistas roteirizadas, mas com margem para a espontaneidade, característica do contexto da comunicação. Foi a partir do gênero entrevista que, em História, os alunos sensibilizaram-se com os trabalhadores de mãos tão ásperas quanto habilidosas na colheita do algodão. Esse momento propiciou também a constatação das mudanças e das permanências no cotidiano do trabalhador rural desde a invenção da agricultura até os dias de hoje.
O ouvir do estalar do vento no bambuzal, o sentir do cheiro de lenha queimada e o escutar da voz tímida de um contador de ‘causos’ deram cor e presença ao caipirismo e às variações linguísticas estudados em sala, nos textos de Monteiro Lobato e nas telas de Almeida Júnior. Em Língua Portuguesa, a experiência alimentou um reconto a seis mãos de episódios descritivos de afamadas lendas brasileiras e a produção de ilustrações ímpares!
Durante todo esse sensível e investigativo percurso de aprendizado no Estudo do Meio, não faltaram, claro, momentos de muitas brincadeiras, em terra, lama ou água… gelada! Os alunos, sem dúvidas, porque experimentaram e sentiram, aprenderam.