Alunos do Ensino Médio conhecem José Roberto Torero

O jornalista, roteirista e escritor José Roberto Torero veio à Móbile para uma conversa sobre sua produção literária. Reconhecido pela atuação como cronista esportivo da revista Placar e do jornal Folha de S.Paulo, Torero também ganhou notoriedade no âmbito literário ao receber o prêmio Jabuti de 1995 pela obra O Chalaça.

Usando o humor e a ironia para provocar os leitores e as leitoras a refletir criticamente sobre variados aspectos sociais, Torero escreveu, em parceria com o também jornalista Marcus Aurelius Pimenta, a obra Terra Papagalli, uma das leituras adotadas no curso de Estudos Literários do 1º ano do Ensino Médio. A narrativa reconta a história do início da colonização do Brasil, misturando gêneros e textos do período literário denominado Quinhentismo. Como uma grande paródia, a aventura da conquista do Novo Mundo é desconstruída e reconstruída pela perspectiva de um degredado abandonado pela esquadra de Cabral no litoral paulista. Entretanto, muito mais do que tratar da História do Brasil, o livro publicado em 1997 – pouco antes das comemorações dos 500 anos de nosso país – discute a formação do povo brasileiro, explorando temas bastante atuais, como a violência, a corrupção, a troca de favores e o “jeitinho brasileiro”.

O evento contou com cerca de cinquenta estudantes, entre alunos de 1º, 2º e 3º ano do Ensino Médio, e proporcionou uma interessante conversa sobre o início da carreira do autor e seus planos, os escritores que o influenciaram e seus métodos de composição literária, sobretudo a escrita em parceria. Além disso, o autor discorreu a respeito das motivações para escrever Terra Papagalli e contou as transformações que o enredo sofreu durante o processo de criação, com destaque para a escolha e a construção de personagens e do narrador.

Esse encontro com um importante autor contemporâneo – pouco tempo após termos recebido no colégio o escritor Marcelino Freire – foi mais uma excelente oportunidade para aproximarmos nossos alunos das obras literárias e para humanizarmos os escritores, mostrando que a literatura não é feita por personalidades de um passado distante apenas, mas também por artistas do nosso tempo, sensíveis às questões contemporâneas que nos atravessam.

Cristiane Siniscalchi é coordenadora de Linguagens do Ensino Médio da Móbile.