Alunos do 7º ano visitam o Memorial da Imigração Judaica
23 de maio de 2018
“The past beats inside me like a second heart.”
(John Banville)
Nossas experiências diárias representam, além da nossa trajetória ao longo dos anos, a cultura do grupo social a que pertencemos e a geração da qual fazemos parte. Assim, o ato de registrar a própria história de vida, inicialmente, pode demonstrar a necessidade que o indivíduo possui de comunicar quem ele é, as experiências que vive, os sentimentos que motivam suas ações, a relação que estabelece com a família e os amigos. No entanto, na medida em que esse registro é compartilhado por uma comunidade de leitores, as experiências relatadas nele abrangem um modo de vida operante, uma imersão em um contexto histórico específico vivido por uma sociedade. Anne Frank, ao escrever um diário, relata suas vivências e individualiza os fatos dos quais participou; porém, seu relato representa, também, a resistência de um povo que manteve viva a cultura judaica, mesmo em meio à perseguição religiosa e política sofrida em meados do século XX, durante a Segunda Guerra Mundial. Parte dessa história e de seus desdobramentos na vida dos imigrantes paulistas está em exposição no Memorial da Imigração Judaica, sediado no bairro do Bom Retiro, em São Paulo.
O trabalho realizado pela disciplina de Inglês com os alunos do 7º ano da Escola Móbile se iniciou com a leitura d’O diário de Anne Frank, adolescente judia que registrou suas experiências em um esconderijo ao longo da Segunda Guerra Mundial, em meio ao regime nazista. Durante a leitura, os alunos puderam conhecer mais esse episódio da história da humanidade, além de explorar o diário como um recurso de preservação de momentos importantes da vida da autora, que encontra nessa estratégia de registro a maneira de refletir sobre o valor da colaboração, do respeito ao outro, da autossuperação.
Para Ecléa Bosi, especialista em estudos sobre a memória, a convencionalização – processo pelo qual ideias e imagens vindas de fora se ajustam e são assimiladas por um dado grupo social – conduz à lembrança, a partir dos quadros sociais, das instituições e das redes de convenção verbal, o que destaca na obra Memória e sociedade (1994). Tal conceito motivou os alunos a reconhecerem o papel primordial que a memória tem na formação do sujeito.
Como continuação desse trabalho, o 7º ano, durante a visitação ao Memorial da Imigração Judaica entre os dias 18 e 23 de abril, participou de mais uma etapa do projeto Memory Seeds (Sementes de Memória) do curso de Língua Inglesa, que teve como objetivo conhecer e vivenciar uma forma diferente de comunicar a história de uma cultura e de um povo.
Crenças transmitidas de geração a geração, mapas para identificação de locais culturalmente característicos, biografias de personalidades marcantes, instrumentos musicais e eclesiásticos, projeção de comidas típicas, vídeos sobre as festividades, livros sagrados e outros elementos da cultura imaterial e material compõem o acervo do Museu, o qual encantou e ensinou os alunos a se interessarem e respeitarem a diversidade cultural preponderante em São Paulo. Assim, parte da história da cidade pôde ser revisitada a partir da memória social de sujeitos que participaram de sua construção.
Ao longo da visita, os alunos exploraram os símbolos da cultura judaica, a importância da manutenção das tradições para a preservação da memória e o papel da arquitetura como materialização das tradições judaicas, assim como um espaço de organização de memorabilia. Todo percurso no Museu foi acompanhado pelo diretor do Memorial, Professor Reuven Faingold, e pela Professora Ilana Iglicky, que compartilharam com os alunos um pouco da história do povo judeu. Ao mesmo tempo, os alunos contaram com a ajuda da psicóloga e educadora Ilana Shavitt, que os conduziu na observação do Memorial com um olhar sensível para a identificação de diferentes formas de manutenção e comunicação de fragmentos de memória.
De volta à sala de aula, amparados pelos registros realizados no caderno de campo, os alunos aprofundaram o olhar para as próprias memórias, que comporão as Memory Seeds do projeto de 7º ano.
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