Aula de desenho
10 de julho de 2018
No dia 26 de abril, quinta-feira, os alunos do 7º ano receberam o artista plástico e antropólogo João Galera para conversarem sobre o projeto “Antes que acabe”, um registro de charmosas casinhas em bairros paulistanos como Pinheiros, Vila Madalena, Vila Mariana, Bela Vista e Liberdade, feito em nanquim sobre o papel, entre outras obras do artista. A palestra realizada por Galera relaciona-se com a discussão sobre os espaços do brincar feita pelas disciplinas de Língua Portuguesa, a partir da leitura da narrativa clássica Os meninos da rua Paulo, escrita por Ferenc Molnár, e de Artes, por meio do resgate da memória afetiva construída pelo sujeito no vínculo que estabelece com os espaços onde vive, além da interação com outros elementos que contribuem para a formação da sua identidade.
Galera se apropria do fazer artístico como um instrumento de resistência da memória, ao registrar em seus desenhos casas e sobrados típicos da cidade de São Paulo, os quais estão ameaçados completamente por um processo vertiginoso de verticalização. A arquitetura das moradias, tão delicadamente detalhada, representa o acúmulo de décadas ou até séculos da história e da memória paulistanas.
Os alunos se prepararam para esse encontro representando seu lugar favorito do brincar por meio de descrições, fotos, desenhos, além de áudios com sons característicos. A atividade foi utilizada pelo artista para promover a discussão sobre a relação que o sujeito estabelece com o espaço a partir da percepção do indivíduo como integrante de um determinado local e em permanente interação com ele, inclusive quando, ao desenhar, escolhe os elementos que compõem esse desenho e reflete sobre o modo de representá-los. Dessa forma, o mundo vivido e a subjetividade tornam-se fatores importantes para a compreensão do espaço.
Nos meses de maio e junho, imersos nos trabalhos das duas disciplinas, os alunos participaram de atividades que os fizeram refletir sobre a importância do espaço como referência da memória afetiva. Em um exercício redacional, compararam os próprios locais do brincar com o que está representado na obra literária analisada. Além disso, os estudantes descreveram “casas do imaginário” e, posteriormente, criaram esses lugares a partir de fotos de residências afetivas.
Como essa, uma série de outras atividades mantém aguçada a curiosidade dos pré-adolescentes sobre os modos como o passado se projeta no presente e, assim, contribui para a formação identitária do sujeito que está em constante crescimento e transformação e que se dispõe a registrar suas memórias.