Adaptação na Educação Infantil

21 de março de 2016


Todo início de ano, o tema da adaptação se apossa de nossos pensamentos, e uma avalanche de sentimentos invade todos os envolvidos nesse processo: conhecer o grupo de colegas, as professoras, a sala de aula, o espaço, a rotina.

Toda criança, seja qual for sua história e sua idade, passará pelos primeiros dias de aula e enfrentará as novas demandas. Para algumas delas, o contexto escolar é completamente novo. Até então, elas conviviam exclusivamente com suas famílias e estavam totalmente asseguradas do espaço e do convívio social com as pessoas às quais já tinham acesso. A entrada na escola proporcionará a introdução da criança em novos espaços, além de a envolver com outras pessoas até então desconhecidas, principalmente outras crianças da mesma faixa etária que a dela, com as mesmas facilidades, mas também com as mesmas necessidades, e isso, certamente, será de uma riqueza social e pessoal ímpar.

Ao iniciar sua vida escolar, a criança encontra um mundo completamente novo que vai muito além de conhecer um novo espaço físico. Trata-se de um espaço com ideias, relações interpessoais, oportunidades, situações de aprendizagem, formas de agir e pensar com as quais nunca havia se deparado anteriormente. Essa experiência, certamente, promove um crescimento fabuloso do ponto de vista social, emocional e cognitivo, porém proporciona aos que a vivenciam um desafio a ser superado.

O desconhecido gera desconforto. As crianças que frequentam a escola pela primeira vez vivenciam, mesmo que em intensidades diferentes, a ansiedade da separação: elas temem que os pais não voltem para buscá-las e fantasiam o abandono. Os pais, por sua vez, também ficam ansiosos para ver qual será a reação do filho em contato com pessoas até então desconhecidas e anseiam para que as suas expectativas em relação ao êxito na adaptação escolar sejam alcançadas. Em suma, o início dessa nova etapa de vida gera inquietação e, certamente, imprime mudanças significativas na vida da criança e de seus familiares, exigindo que todos passem por um processo de adaptação.

Pode-se, a princípio, entender adaptação como o esforço da criança para ficar, e bem, num espaço coletivo, repleto de adultos e crianças, diferentes daqueles do espaço familiar a que estava acostumada. No entanto, a adaptação é muito mais do que isso. É um processo de socialização construtivo entre pares educativos – pais, crianças, professores e instituição. Portanto, o esforço não ocorre apenas por parte da criança: os pais e a escola têm um papel determinante no sucesso desse processo.

Essa é uma tarefa complexa para a escola, pois implica atender às demandas de cada criança e lidar com a expectativa de cada família. Para isso, é preciso que haja atenção e respeito à diversidade, pois a forma e o tempo como cada criança inicia sua vida escolar são necessariamente singulares.

Para alguns, rapidamente, a insegurança diante do novo cede lugar a uma experiência excitante e agradável. Junto àqueles que estão encantados com esse início, existem os que choram, que resistem à nova rotina ou que não aceitam a aproximação dos adultos da escola, apresentando a necessidade de vivenciar a adaptação por mais tempo.

Esse é um momento fundamental e delicado que não pode ser considerado como simples aceitação de um ambiente desconhecido e de separação da mãe ou de uma figura familiar ou, ainda, de fazer a criança parar de chorar. Além de serem acolhidas, as crianças precisam aprender a acolher umas às outras. Pensando nisso, a Móbile organiza-se para que esse período seja o mais tranquilo e seguro para todos.

As crianças são recebidas em um ambiente agradável e acolhedor, com atividades lúdicas e prazerosas, especialmente elaboradas para esse período, que levam em consideração o processo de separação e de construção de novos vínculos vividos pela criança.

Sair de um espaço conhecido e seguro, dar um passo à frente e arriscar-se, tendo como companhia o desconhecido para o qual a criança precisa olhar, precisa perceber, sentir e avaliar, leva às mais diferentes reações: permanecer no espaço seguro e protegido, seguir adiante ou desistir e voltar atrás. É a ação coesa e coerente entre pais, escola e professores que favorecerá o êxito em uma nova fase da vida: o “ser” estudante. E, nesse momento da vida, a criança se deparará com duas conquistas fundamentais, entre muitas outras: a independência e a autonomia.