“Alegria, alegria”?
21 de junho de 2017
O que canções tão distintas como “Baby”, “Coração materno”, “Hino ao Senhor do Bonfim”, “Três caravelas”, “Mamãe, coragem” e “Bat macumba” têm em comum? Elas fizeram parte do icônico Tropicália ou Panis et Circencis, disco que inaugurou o Tropicalismo.
O Tropicalismo foi um movimento cultural inspirado nas ideias antropofágicas propostas por Oswald de Andrade em 1928. O movimento manifestou-se principalmente na música, com Caetano Veloso, Gilberto Gil, Torquato Neto, Os Mutantes, Tom Zé, entre outros, mas teve também expressão nas artes plásticas, com figuras como Hélio Oiticica, no Cinema Novo, de Glauber Rocha, e no teatro, sobretudo no de José Celso Martinez Corrêa.
Aproveitando a efeméride dos 50 anos do movimento que abalou as estruturas conservadoras da direita e da esquerda brasileiras, o diretor Moacyr Góes concebeu o espetáculo Alegria Alegria, o Musical, protagonizado pela cantora e compositora Zélia Duncan.
Os 14 artistas presentes no palco transformam em cenas teatrais canções e poemas que ajudaram a construir um imaginário importante na história da cultura do Brasil. Juntando o que era considerado elevado – cult, como se diz hoje –, com o popular e com o kitsch, os tropicalistas colocaram na mesma panela Vicente Celestino e arranjos ousados de Rogério Duprat. Na peça, Moacyr Góes tenta – nem sempre com sucesso – mostrar ao público do século XXI a ousadia e atualidade de uma trupe barulhenta e inquieta.
Em maio, os alunos, professores e coordenadores do Ensino Médio assistiram ao espetáculo e participaram de um debate com o diretor e com um dos atores da peça, Luiz Araujo. No evento, Moacyr confessou ter feito um musical mais otimista do que ele próprio, principalmente quando opta por defender a cultura brasileira como nossa melhor marca, apresentando ao seu público um país festivo e multiétnico, e restringe sua crítica a um tímido (mas potente) número, que tem como base a impactante canção “Haiti”, de Caetano Veloso e Gilberto Gil.
Wilton Ormundo é diretor do Ensino Médio.