Além do que se vê

21 de agosto de 2017


É comum que habitantes de uma metrópole como São Paulo, absorvidos por um cotidiano apressado, andem pela cidade sem observar mais atentamente suas características, as transformações por que continuamente passa, as pessoas que nela transitam…

O resultado disso acaba sendo a naturalização de processos que, na verdade, são sociais, ou seja, construídos pelas relações das pessoas tanto com o espaço quanto com as outras pessoas.

Sob a orientação dos professores Miguel Crochik (Geografia) e Luca Caltran (Artes), o projeto Olhares Urbanos, protagonizado pelos alunos do 8º ano, foi na contramão dessa naturalização, ao propor uma visão da cidade ao mesmo tempo investigativa, crítica e sensível.

O trabalho envolveu uma saída para a Vila Olímpia, bairro próximo à escola, onde os estudantes verificaram uma hipótese trabalhada em sala: seria esse bairro um espaço que acumula diferentes tempos? É possível, ao andar pela Vila Olímpia e conversar com pessoas que lá vivem e trabalham, acessar o passado do bairro ou até mesmo imaginar seu futuro?

Com um caderno na mão e norteados por essa pergunta e pelas discussões sobre a dinâmica dos processos urbanos, os alunos, então, realizaram entrevistas e anotaram impressões, colhendo material para posterior análise na volta à escola.

Além desse objetivo, após sensibilização sobre a capacidade poética da fotografia, os alunos realizaram, ainda durante a saída, um rico registro de imagens do estudo de campo, que foram catalogadas e podem ser acessadas neste endereço.

Numa época como a nossa, em que se anda pela cidade sem tempo ou disposição para vivenciá-la e em que tirar fotos é uma atividade cada vez mais banalizada e autocentrada, a tentativa do projeto Olhares Urbanos é justamente resgatar o olhar atento, reflexivo e contemplativo, possível apenas quando quem está “do lado de cá” da lente aceita o desafio de enxergar além do que se vê.