Alunos discutem cartas de presos políticos durante ditaduras latino-americanas
21 de novembro de 2018
Documento escrito e fonte histórica, cartas escritas por presos políticos durante ditaduras constituem também um importante material para a análise de um texto que se compõe não apenas do relato de experiências, mas de estratégias que o autor utiliza para informar o possível e conveniente a parentes e amigos.
Sobre esse tema, os alunos do Ensino Médio participaram de uma discussão, em espanhol, com a pesquisadora Solange Munhoz, na qual tiveram a oportunidade de refletir sobre algumas das consequências das últimas ditaduras militares em países da América Latina – precisamente, Argentina, Brasil, Chile e Uruguai –, a partir de cartas escritas por presos políticos na década de 1970.
Inicialmente, apresentou-se um breve panorama histórico, observando que havia uma rede de colaboração entre esses países, conhecida como Operação Condor, que permitia a troca de informação e a repressão a opositores onde estivessem.
Em seguida, foram apresentadas as particularidades de cada regime e sistema carcerário cujos reflexos podiam ser identificados nos fragmentos das missivas. Pôde-se, por um lado, entender as cartas como documentos que colaboram para resgatar memórias individuais e coletivas silenciadas; por outro lado, a carta como diálogo em que pessoas de diferentes ideologias, idades, condições sociais, nacionalidades e gêneros compartilham seus pensamentos e experiências pessoais na prisão sem perder de vista que seu registro está mediado pelo filtro censor do Estado autoritário e, também, pela relação que estabelece com seu interlocutor, devendo a linguagem adaptar-se às imposições de cada situação.
A partir do corpus escolhido, os alunos puderam estabelecer relações entre seu conhecimento e os eventos narrados, bem como propor leituras e interpretações que foram discutidas entre todos os envolvidos na atividade.