Alunos do Ensino Médio visitam Masp

24 de fevereiro de 2017


É muito comum, ao se visitar um museu, deparar-se com aglomerados de pessoas amontoadas em torno de alguma obra de destaque. O fluxo dos visitantes serve quase como um guia para as peças mais famosas. As luzes dos smartphones dos turistas praticamente mostram o caminho para a Mona Lisa, algum cubismo célebre de Picasso ou mesmo para a (ainda) excêntrica tela de Jackson Pollock.

No início deste ano, os alunos do 2º ano do Ensino Médio passaram por uma experiência um tanto quanto diferente da espetacularização tão comum em nossos tempos: visitaram a exposição Acervo em transformação: a coleção do MASP de volta aos cavaletes de cristal de Lina Bo Bardi. O objetivo dos professores André Fernandes (Língua e Produção de Texto), João Cunha (Estudos Literários) e Teresa Chaves (História) era estimular a reflexão dos estudantes acerca dos princípios que regem a organização da exposição, fazendo com que eles não apenas analisassem os quadros e esculturas ali presentes, mas principalmente problematizassem a construção de diferentes tipos de interação entre arte e público, a partir da forma com que as obras são apresentadas aos sujeitos que as observam.

Em um primeiro momento, a surpresa: além de estarem expostas em belíssimos cavaletes de cristal, as informações referentes às obras estão situadas atrás de cada uma delas. Dessa forma, o espectador se vê obrigado a lidar com os sentidos do objeto a sua frente sem considerar de imediato os pressupostos relacionados à época, ao autor, ao estilo, enfim, a aspectos que norteariam sua leitura no contexto tradicional. Além disso, a sequência cronológica estabelecida pela exposição, cujo arco temporal vai do século 4 a.C. a 2008, permite o estabelecimento de conexões entre as obras que extrapolam categorias como a nacionalidade de cada autor. A partir disso, foi possível fazer uma viagem breve, porém intensa, pela história da arte.

Ao final da visita, para além do brilho dos cavaletes de cristais, destacava-se o olhar ainda inquieto, impactado, do grupo de jovens que visitou a exposição de Lina Bo Bardi – prova de que, mesmo em tempos de selfies e de Instagram, a sensibilidade de nossos jovens não está restrita aos cliques do celular.