André Fran discute os 40 anos da Revolução Iraniana
27 de março de 2019
O que aconteceu em fevereiro de 1979, há 40 anos, ultrapassou o espaço iraniano. O evento mudou completamente a ordem política do Oriente Médio, transformando o Irã do aiatolá Khomeini no inimigo número um do Ocidente. A queda do xá Mohammed Reza Pahlevi encerrou uma aliança estratégica entre Teerã e Washington, aliança essa que tinha como projeto político transformar o Irã num Estado ocidentalizado, reduzindo, assim, a influência do islamismo xiita na condução do Estado.
Desde então, foram mais de três décadas de isolamento que transformaram o Irã dos aiatolás numa teocracia xiita e, aos olhos do Ocidente, numa terra distante, radical e dominada pelo fanatismo.
Foi para lançar um novo olhar sobre esse país que a Escola Móbile e o professor Beto Candelori convidaram André Fran, diretor e apresentador do programa Que Mundo é Esse?, exibido pela GloboNews. Em 2018, Fran gravou uma temporada no Irã, revelando a complexidade de um país muitas vezes retratado apenas sob a lente do radicalismo.
Ancorado em sua vasta experiência de peregrinação pelos países da região em busca de notícias e fatos marcantes, o jornalista estabeleceu um diálogo franco e aberto com a plateia, constituída na sua maioria de alunos do Ensino Médio. Contou passagens curiosas desse trabalho e de seu contato com os iranianos e outros povos da região, destacando os aspectos peculiares desse universo de valores e hábitos que, aos olhos de um ocidental, mostram-se estranhos.
Daniel Gerecht, aluno do 3º ano do Ensino Médio, ressaltou a importância desse jornalismo comprometido com a verdade e o conhecimento relacionado aos temas da geopolítica em “um mundo informado por mentiras e exageros norteados pelos grandes interesses das mídias globais”. Para ele, a exposição do jornalista afasta a imagem do Irã como “um país bárbaro”, revelando aspectos até mesmo progressistas dos iranianos quando comparados a outros países por vezes “defendidos pelo Ocidente”, como é o caso da Arábia Saudita. Seu colega, Guilherme Ghefter, lembrou aquelas qualidades que nos aproximam enquanto seres humanos, algo por vezes perdido no meio de “grosseiras generalizações predicadas em estereótipos”, mas que podem ser recuperadas quando temos a possibilidade de enxergar o pensamento daqueles que julgamos diferentes.
É exatamente essa aproximação que Fran promove ao buscar “ouvir vozes, das mais diversas e surpreendentes”.