Arte Indígena Contemporânea

15 de maio de 2019


Kadzuata walimanai ihriu– cuidar do mundo para quem vai nascer. Esse é o maior ensinamento Baniwa”. Foi assim que Denilson Baniwa começou sua palestra sobre a Arte Indígena Contemporânea para o 6º ano da Escola Móbile. Natural do Rio Negro e residente em Niterói (RJ), o artista veio aprofundar nosso olhar sobre aspectos culturais, históricos e gráficos de sua etnia, como parte curricular da disciplina de Artes Visuais, a qual se debruça, no 6º ano, sobre a cultura indígena brasileira e, num recorte mais específico, investiga o povo Baniwa, habitante da Bacia do Rio Içana, no alto Rio Negro.

A vivência dos alunos com Denilson envolveu dois momentos: palestra e oficina. Na palestra, os estudantes puderam ouvir a experiência de um indígena nascido e criado em sua comunidade e escolhido por ela para sair, estudar e representá-la fora de seu território original. Denilson contou às crianças como é a escola bilíngue indígena, onde se aprende Língua Portuguesa e Língua Baniwa, Matemática e Geografia, além de conhecimentos práticos importantes para a vida em comunidade, como a criação de peixes e a culinária local.

Denilson também apresentou sua trajetória como artista. A representação simbólica de sua cultura, refletida em sua obra, tem uma importância central. “Enquanto Baniwa, meu papel neste mundo é compartilhar a sabedoria do povo Baniwa, os conhecimentos, as coisas que o povo Baniwa tem a ensinar. Eu escolhi compartilhar esse conhecimento através das artes plásticas. Há indígenas que gravam músicas de seu povo ou sobre seu povo, que gravam filmes, fotografam ou escrevem livros.”

Nas oficinas ministradas a cada turma, Denilson trouxe a oportunidade de acessarmos esses conhecimentos de maneira prática, trabalhando elementos gráficos de sua arte com as crianças. Cada aluno e aluna pôde, a partir disso, desenhar e criar seus próprios grafismos, acompanhados pelo olhar atento do artista.

Os alunos do 6º ano relataram que se sentiram impactados ao ver e ouvir um indígena contar sua história e falar da cultura de seu povo. Refletir criticamente sobre a visão que temos dos indígenas foi marcante para as crianças, pois perceberam que a cultura indígena se transforma e se ressignifica diante da troca, principalmente com o acesso a tecnologias digitais. Hoje, alguns povos indígenas usam celular e outros recursos tecnológicos a serviço de sua própria expressão.

A professora de Artes Visuais do 6º ano, Luana Minari, aponta que os alunos estavam imersos na pesquisa sobre a diversidade cultural dos povos indígenas brasileiros, iniciando o estudo em torno da etnia Baniwa, quando Denilson realizou a oficina e a palestra. A escuta atenta e generosa do artista permitiu que os estudantes tirassem suas dúvidas, e sua fala potencializou a compreensão sobre aspectos culturais tradicionais e contemporâneos até então inéditos nessa pesquisa. A obra de Denilson apresenta um complexo olhar sobre os povos indígenas do Brasil, e, sem dúvida, conhecer esse artista de perto fez com que o projeto atingisse outra camada de conhecimento, trazendo aos alunos saberes que serão revisitados até o final do ano.

Confiram algumas imagens dos encontros com Denilson Baniwa, que ocorreram entre os dias 17 e 18 de abril.