Cidade-poesia: a travessia do ser
21 de agosto de 2019
Cidade-poesia: a travessia do ser
canto
a vida miúda que me cerca
tudo mais são olhares outros
tantos
que não são meus
(Canto, Nydia Bonetti)
O dia a dia em uma grande cidade é repleto de movimentos, deslocamentos, encontros, ruídos, entregas de panfletos, profusão de cartazes, conversas entrecortadas. O indivíduo se perde, se encontra e se reconhece em multidões de pessoas, de discursos e experiências que o atravessam e o acompanham em sua existência na metrópole.
Em meio a esse turbilhão do espaço urbano, a troca com o outro e o reconhecimento dele nem sempre acontecem. Quando, porém, há abertura para esse contato, os resultados da interação humana são múltiplos e imbuídos de sentidos diversos, os quais parecem ficar escondidos sob o véu distrator de uma rotina de ações realizadas de maneira quase sempre automática em nosso cotidiano: acordar, arrumar-se, trabalhar, correr, comprar, pesquisar, conversar, comer e voltar para casa.
A vivência da cidade, então, pode ser sentida e interpretada quando há a intenção de captá-la de modo diverso. A poesia, nesse contexto, possibilita um olhar de desassossego, de quebra do automatismo e de busca da vivacidade do espaço urbano em todas as suas potencialidades.
Por meio da elaboração de poemas e da análise de imagens poéticas sobre as experiências subjetivas da cidade e sobre os mais diversos contrastes que marcam o espaço urbano, as meninas e os meninos do 8º ano se dispuseram a pensar os lugares, as pessoas, as memórias, as sensações e as contradições que escancaram a multiplicidade da cidade e que atingem o ser que nela vive.
Buscando o arrepio causado pela poesia nos ínfimos detalhes e nos mais grandiosos monumentos, os alunos investigaram, questionaram, descobriram e transformaram aquilo que já conheciam da cidade – e o que passaram a conhecer sobre ela – para produzir o que há de mais poético na vida: a visão particular do ser sobre o mundo que o cerca e que o atravessa.
Ana Paula Chican
Luca Caltran