Conversando sobre o consumo de bebidas alcoólicas

22 de março de 2011


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Falar com jovens sobre o consumo de bebidas alcoólicas é um desafio.

Desafio por sabermos que na adolescência há um sentimento de onipotência, e o movimento dos jovens está voltado para a transposição de limites e para explorar o desconhecido. Nesse processo, alguns, mais que outros, colocam-se em maior risco e pensam pouco nas consequências de suas escolhas.

Como, então, achar o tom certo para falar de uma substância que tem um diferencial, pois, apesar dos efeitos danosos, é aceita socialmente?

A informação é o primeiro passo. O conhecimento traz condições para a tomada de decisões mais acertadas. Podemos, portanto, prevenir um comportamento de risco dando instrumentos para reflexão, além de ouvir e estar muito atentos às pistas que os jovens nos trazem.

Neste ano, começamos nossa discussão sobre o assunto a partir dos trágicos acidentes ocorridos aqui em São Paulo, causados por motoristas que haviam ingerido álcool. Comentamos a nova lei antiálcool do estado de São Paulo que prevê pesadas sanções administrativas para os estabelecimentos comerciais onde menores de idade forem flagrados comprando ou consumindo álcool, mesmo na companhia de adultos (pais, inclusive), e um artigo publicado na Folha de São Paulo, do  Dr. Giovanni Guido Cerri, professor da Faculdade de Medicina da USP e secretário Estadual da Saúde.

Leia o artigo “Tolerância Zero”

Em outro momento, discutiu-se o porquê de os jovens consumirem bebidas alcoólicas mesmo sabendo dos riscos. Influência dos amigos, curiosidade, diversão, incentivo da mídia foram algumas das respostas dadas pelos alunos a esse questionamento.

Clique para ler a opinião dos alunos

Paralelamente a isso, nas aulas de Português, artigos de opinião sobre o consumo de álcool foram lidos pelos alunos, que, a partir de debates sobre eles, fizeram um editorial sobre o assunto.

Clique para ler os artigos de opinião e trechos dos editoriais dos alunos

Por fim, convidamos a Dra. Ana Cecília Roselli Marques, médica psiquiatra e pesquisadora da Unidade de Álcool e Drogas (UNIAD) da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), para falar com pais e alunos. Ela mostrou dados estatísticos sobre o consumo de álcool na adolescência, trouxe informações importantes sobre o funcionamento do cérebro e apresentou os gráficos com as respostas dadas pelos alunos na pesquisa sobre Hábitos e Comportamentos.

Clique para visualizar as questões dos alunos, os questionários e os gráficos

Os alunos ficam bastante mobilizados e envolvidos ao discutir o assunto, mas sabemos que temos um longo caminho pela frente, pois, como já escreveu o Dr. Jairo Bouer (médico psiquiatra, especialista em saúde e comportamento do jovem): “Muitas vezes o jovem esquece ou abandona tudo o que sabe em algum lugar da cabeça. E isso o coloca cara a cara com o risco.”

Clique para ler o texto “Informação não basta”

Por se encontrarem numa fase de busca e estabelecimento de escolhas, os jovens precisam de autoconfiança ao enfrentar a pressão do grupo e de um maior discernimento, que se desenvolve por meio da ampliação do repertório vivencial e intelectual para responder às novas situações.

O desafio, assim, é que, de forma convergente e assertiva, a família, a escola e o grupo social possam oferecer elementos que sejam determinantes na abertura de caminhos para dissociar o consumo de álcool como pré-requisito para uma convivência social agradável.