Da China de Mao Tsé-Tung ao protesto de um estudante na Praça da Paz Celestial

5 de dezembro de 2016


O que vem à sua cabeça quando você pensa em China? Superpopulação? Comunismo? Mao Tsé-Tung? Objetos a preços baixos? Ou você recua um pouco no tempo e se recorda da grande muralha? Ou dos grandes inventos, como a pólvora e a bússola? Será que associamos a China à filosofia?

Além de tudo isso, o país também foi berço de um dos modos de pensar e agir mais complexos da Antiguidade: o Confucionismo. Criado a partir das ideias de Confúcio, esse sistema filosófico foi construído com base em princípios como justiça, lealdade, honestidade e consciência sobre as noções de certo e errado.

Milhões de anos de história nos levam a várias respostas acerca do país mais populoso e com a terceira maior dimensão territorial do mundo. No entanto, essas histórias nos parecem cada vez mais distantes… afinal, estamos falando de milhares de anos de História. É possível que a nossa curiosidade de homens e mulheres da contemporaneidade queira desvendar os segredos da China moderna e do país que mais cresce economicamente.

A história recente da China tem relação com eventos que começaram quando o grande império milenar tornou-se uma república em 1912. O novo regime foi transpassado por conflitos com os países vizinhos, a exemplo da guerra contra o Japão (1937-1945). Vencida a guerra, iniciou-se uma disputa interna entre nacionalistas e comunistas. Esse conflito e os seus resultados levaram o país a rumos inimagináveis.

No dia 28 de outubro, os alunos do 3º ano estudaram um pouco dessa história do século XX. Analisamos o contexto social e político chinês que levou o comunista Mao Tsé-Tung a liderar mais de 90 mil homens em uma longa marcha que percorreu quase 10 mil quilômetros, saindo do sul em direção ao norte do país (1934-1935). Vimos que, por essa experiência, os comunistas venceram os nacionalistas e implantaram a República Popular da China.

Na segunda parte do evento, estudamos um dos momentos mais traumáticos da história recente da China. Após romper com a União Soviética, Mao Tsé-Tung, que estava à frente do país desde a revolução, resolve conter os opositores e mobilizar milhões de jovens em defesa da purificação dos valores da revolução. Entre 1966 e 1976, milhares de pessoas foram perseguidas, torturadas, presas ou mesmo executadas, acusadas de traição ou aproximação com os valores ocidentais. Outros milhares de chineses foram enviados a campos de reeducação, sob a orientação ideológica do Livro Vermelho, escrito por Mao.

Por fim, por meio da análise de imagens e textos de época, observamos que a China comunista, durante a década de 1970, causava entusiasmo em grupos europeus de esquerda e, ao mesmo tempo, despertava o interesse econômico dos Estados Unidos, que buscavam uma aproximação com o país asiático.

Foi uma tarde marcada por reflexões e desconstruções de visões maniqueístas da história. Um mergulho numa conjuntura complexa que se encerrou com a observação de duas fotografias: o registro do aperto de mão entre Mao Tsé-Tung e o presidente Richard Nixon, em 1972, e a foto de um jovem que caminhou na direção de tanques de guerra durante os protestos na Praça da Paz Celestial, em 1989 – duas imagens que, simbolicamente, colocaram a China como protagonista no cenário internacional contemporâneo.

Márcia Juliana Santos é professora de História do 3º ano do Ensino Médio.