Administração na USP
3 de maio de 2017
A seguir, ex-alunos da Móbile nos contam sobre sua experiência universitária.
Administração na USP
Felipe Rizkallah Thomé
Formando de 2014
Assim que olhei o jornal e vi que havia entrado na Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA-USP), lembro-me de que várias mensagens começaram a surgir no meu Facebook. Obviamente, de imediato, fiquei muito contente, pois estudar na mais renomada faculdade de Economia e Administração do país, responsável pela formação de grandes nomes como Antônio Delfim Netto, Eduardo Giannetti e Pérsio Arida, é um privilégio. No entanto, minutos depois, estranhei um pouco, uma vez que os autores das mensagens que recebi eram desconhecidos, mas logo percebi que eram “veteranos” me escrevendo “parabéns” junto de mensagens de boas-vindas. Pelo fato de tudo aquilo ser muito novo para mim, achei um pouco fora do padrão: pessoas que eu nunca havia visto antes me cumprimentarem por aquela conquista. Provavelmente, porque ainda não estava acostumado com esse espírito de união a que os universitários estão submetidos.
Alguns dias depois, fui com meu pai realizar a matrícula presencial. Estava ansioso, porque não tinha ideia de como isso funcionaria. Além disso, só havia estado naquela instituição uma única vez até então, por pouco tempo e como aluno da Móbile. Agora era diferente, pois eu era um “feano”. Antes de entrar na FEA, me recordo de ter ficado impressionado com duas coisas. A primeira foi o belo projeto arquitetônico da biblioteca Brasiliana (eu pensei em fazer Arquitetura, quando era menor). A segunda se baseava no modelo de construção do campus da universidade, localizado no bairro do Butantã – isto é, reunir as mais diversas faculdades do conhecimento em um único espaço, permitindo a formação de um universo do saber. Mais tarde descobri que tal conceito surgira na França do século XVIII.
Ao entrar na FEA, me deparei com uma escultura da renomada artista nipo-brasileira Tomie Ohtake. Essa obra, que lembra um laço, foi inaugurada no ano de 2008 com a finalidade de comemorar os 60 anos da instituição. Perto da escultura, na entrada principal, havia vários “veteranos” parabenizando seus “bixos”, que em sua maioria estavam acompanhados de seus pais. Estava, portanto, um intenso agito. Em seguida, fui para a fila preencher os papéis referentes à matrícula. Apesar de todo esse processo burocrático ter demorado bastante, nele eu pude conhecer outros calouros, que posteriormente estariam na minha sala. Finalmente, me despedi do meu pai e, ao encontrar o pessoal da Móbile que também havia ingressado na FEA, fui explorar com eles o espaço físico da instituição.
Naquele momento, entendi o porquê de a FEA ser conhecida como o shopping center da USP. A faculdade tinha de fato instalações acima da média de uma entidade pública. Tudo era excessivamente organizado e bastante limpo. A fachada do prédio horizontalizada e totalmente de concreto com somente o telhado azul, junto dos corredores regulares lotados de salas de aula, remetia a uma construção utilitária preocupada com a harmonia. Nunca consegui entender muito bem, mas acho que esse é um dos motivos pelos quais escutei mais de uma vez dizerem que o espaço em questão se assemelha a uma cafeteria.
Ao andar pelos corredores refrigerados, entrávamos nas salas de aula. Cada uma delas era destinada a uma entidade específica: AIESEC, FEA Júnior, FEA Social, Liga de Mercado Financeiro, Centro Acadêmico, Atlética, Bateria. Por meio de minipalestras, essas agremiações eram apresentadas a nós. Encerrei o meu primeiro tour pela FEA comprando o kit “bixo” no espaço reservado para a Atlética.
Outro ponto da faculdade que considero relevante nesse relato é a biblioteca, pelo fato de ela ter recebido cerca de 250 mil livros do ex-ministro da Fazenda Delfim Netto. Este, além de ter sido aluno da instituição, em minha opinião divide com Celso Furtado o posto de mais importante economista brasileiro. Fiquei maravilhado com a infraestrutura do local, assim como com a variedade de volumes e as amplas salas de estudos.
Por outro lado, nem tudo foi tão bom nessa nova etapa. Como havia estudado toda a minha vida na Móbile, essa transição para um mundo novo, gigantesco e libertador foi bastante difícil para mim. Na escola, me chamavam pelo nome, enquanto na universidade eu era apenas mais um número USP. Da mesma forma, no período do colegial, eu seguia uma rotina de que tinha pouco controle. Isto é, eu era um sujeito que atuava passivamente, recebendo o conhecimento de professores dotados de uma didática excelente. Era, portanto, um aluno. Em contraste, na universidade, com uma liberdade infinitamente superior, considero meus dias um tanto caóticos. Devido a tal liberdade em minhas escolhas, confesso que sofri para me adaptar a esse novo paradigma, principalmente pelo fato de agora eu ser o responsável para ir atrás do conhecimento, já que os professores não têm a mesma preocupação de outrora com o aprendizado dos alunos. Justamente por ter que atuar ativamente em busca do saber, me considero, hoje, mais um estudante do que um aluno. Isso é gratificante, porque, além de significar certa maturidade, foi um grande incentivo para que eu estudasse Administração na Universidade de São Paulo.