A liga dos professores de Ciências e Matemática e seus superpoderes
26 de fevereiro de 2021
Em 1938, o Superman aparece pela primeira vez em um gibi. Já no ano seguinte, foi a vez de Batman fazer sua estreia. A partir daí, uma legião de heróis e heroínas passaram a povoar o imaginário dos jovens de diferentes gerações. Em 2021, cinco professores do Ensino Médio se reuniram para desvendar os conceitos científicos que embasaram alguns dos superpoderes dessas personagens.
Marcio Tamari, professor de Matemática, mobilizou a lei do quadrado-cubo de Galileu para explicar o tamanho do Homem-Formiga, super-herói capaz de diminuir ou de aumentar seu tamanho em poucos segundos. De acordo com o professor, caso ele aumentasse de tamanho no mundo real, seus ossos não suportariam o aumento da massa do herói e se quebrariam. Além disso, seu coração e pulmões não seriam capazes de distribuir e capturar gás oxigênio para todo o corpo de modo eficiente. Já se ele diminuísse de tamanho no mundo real, liberaria energia superior à de uma bomba atômica toda vez que isso ocorresse.
Emanueli Gama, a Manu, professora de Química, abordou a história de outro gigante, o incrível Hulk. Na HQ original, um cientista comum adquire superpoderes pela ação da radiação gama após um acidente nuclear. Os raios gama, de fato, são capazes de alterar o material genético, mas, como ressalta a professora, não seriam capazes de alternar estados de “normalidade” com o de superpoderes. Já a professora de Biologia Lydia Getschko lembra que as mutações, alterações do material genético como essas provocadas pela radiação, deveriam estar presentes em todas as células o corpo do herói. Elas deveriam ser, inclusive, idênticas em todas essas células. Contudo, esse evento não é nada provável, já que as mutações são aleatórias. Para a professora, o nascimento de um mutante, como Wolverine, por exemplo, é muito mais plausível que a transformação que explicaria o surgimento do Hulk. Isso se deve à presença da mutação já no DNA do zigoto, a primeira célula de um indivíduo, que seria transmitida para todas as células descendentes dela.
O professor de Física Hugo Reis apresentou alguns dos problemas que o Flash teria ao correr a uma velocidade sônica, como, por exemplo, a desintegração de sua roupa por conta do aumento da temperatura provocado pelo atrito do ar com o corpo do herói. Além disso, ao parar de correr de modo muito abrupto, o cérebro do herói não resistiria ao choque contra o próprio crânio. O professor discutiu também se o herói poderia correr a uma velocidade próxima à da luz. De acordo com a teoria da relatividade, ele teria um grande problema com viagens no tempo, pois haveria uma dilatação temporal com os que não atingissem a mesma velocidade.
João Mendes, professor de Matemática, subverte a lógica e desmonta os planos de um supervilão, Thanos. Para o colecionador das joias do infinito, como os recursos alimentares crescem em progressão aritmética e as populações, em progressão geométrica, seria necessário exterminar metade da população de cada planeta para restaurar o equilíbrio no Universo. De acordo com o professor, Thanos deve ter lido muito o intelectual inglês Thomas Malthus, mas se esqueceu de considerar muitos outros fatores para justificar seus planos de morte da população, como os avanços tecnológicos de nossa espécie, inclusive no que diz respeito à produção e à distribuição dos recursos alimentares.
A “Liga dos Professores” mostrou, ao longo da tarde, como a Ciência atravessa o universo desses heróis e de seus superpoderes.