Lilia Schwarcz e sua visão da história do Brasil

18 de abril de 2017


“A história é feita de mudanças, mas também de muita continuidade. O presente está mais cheio do passado do que nós podemos imaginar.” Essa foi uma das ideias defendidas pela historiadora e antropóloga Lilia Moritz Schwarcz na palestra que fez na Móbile no final de março, com mediação dos professores Márcia Juliana Santos, de História, e Francisco Gonçalves Lima Jr., de Língua e Produção de Texto.

O evento atraiu dezenas de alunos, ex-alunos e convidados da comunidade, lotando o auditório da escola em uma conversa que durou quase duas horas. “Conversa” literalmente, porque as perguntas dos convidados nortearam o bate-papo com a antropóloga.

A versão da história do país defendida por Lilia foi, inicialmente, apresentada no livro Brasil: uma biografia, escrito em parceria com Heloísa Murgel Starling, e sua proposta é analisar alguns aspectos da nossa identidade na relação intrínseca entre passado e presente. Lilia redimensiona os fatos da história brasileira, associando, por exemplo, a escravidão ao atual quadro de violência e ao mal disfarçado preconceito racial. Seu discurso investiga o passado por meio de questões do presente e demonstra seu engajamento na luta pela diminuição das mazelas brasileiras. Para ela, existe uma naturalização da opressão das minorias devido à não consolidação das nossas instituições e, consequentemente, da própria ideia de república.

Professora titular do Departamento de Antropologia da Universidade de São Paulo (USP) e Global Scholar na Universidade de Princeton (EUA), função que lhe permitiu verificar visões distintas sobre o Brasil, Lilia figura entre os mais respeitados historiadores brasileiros da atualidade. Sua presença na escola e, sobretudo, a maneira generosa como estabeleceu seu diálogo com os alunos engrandeceram o debate que já vem sendo feito sobre a identidade brasileira. Em uma de suas conclusões, afirma: “Identidade não é uma essência. Identidade não é uma questão concreta. Identidade é uma construção social”.

 

Márcia Santos é professora de História e Francisco Lima
é professor de Língua e Produção de Texto, ambos do Ensino Médio.