A mitologia como conhecimento intercultural e interdisciplinar

2 de outubro de 2019


Ao longo do ano letivo, o 6º ano da Escola Móbile estuda algumas das bases que constituem a civilização brasileira e ocidental. Na disciplina de Artes Visuais, os estudantes se debruçam sobre aspectos culturais dos povos indígenas, ao pesquisarem a etnia Baniwa – povo habitante da região do Alto Rio Negro – e seus grafismos. Em História, por sua vez, é desenvolvido o estudo de mitos, tanto dos povos indígenas residentes no território brasileiro quanto da civilização grega antiga, com o intuito de analisar valores e representações dessas diferentes culturas, bem como para identificar permanências delas na contemporaneidade. No mesmo sentido, a atividade ainda permite a desconstrução de leituras hierarquizadas das diferentes culturas. A mitologia perpassa, então, os estudos de História e Artes Visuais e, além disso, aparece como foco dos estudos de Língua Portuguesa no 3º bimestre, quando os alunos leem e apresentam suas releituras de algumas histórias mitológicas.

Com o intuito de enriquecer e qualificar o estudo da mitologia, em que diferentes campos do saber se entrelaçam, as turmas do 6o ano de 2019 receberam, no mês de agosto, dois convidados especiais na Escola Móbile: Valéria de Melo Pereira e Walmir Cardoso.

A professora Valéria veio à escola contar a história de Teogonia, de Hesíodo, em três encontros com as turmas de 6o ano, nos quais os estudantes puderam escutar e dialogar sobre a conhecida “genealogia dos deuses”. O aprofundamento do conhecimento sobre a mitologia grega permeou esses encontros e as aulas de História e Língua Portuguesa durante as três semanas nas quais Valéria compareceu à escola.

O professor Walmir, astrônomo estudioso do cosmo de maneira intercultural, ministrou palestra para os alunos na qual compartilhou um pouco de seu conhecimento sobre como as narrativas interpretadas a partir da observação do céu mudam com o tempo, com o lugar, com o grupo étnico, com o poder. Para o pesquisador, que se dedica principalmente ao estudo da astronomia indígena no Alto Rio Negro, os mitos revelam uma maneira de olhar e de revelar o mundo, trazendo à tona valores e modelos de mundo, isto é, como uma comunidade explica sua visão sobre o que acontece na natureza e entre os seres humanos.

Foi, certamente, um período repleto de aprendizagens a partir dessas vivências.