MobMUN 2019

9 de agosto de 2019


O MobMUN consiste em uma simulação de debates aos moldes da Organização das Nações Unidas (ONU). Para esse evento, os alunos se reúnem ao final do primeiro semestre e discutem um tema predefinido e que demonstra relevância no período em que vivemos, ou mesmo que demonstrou certa importância em épocas passadas. Nos anos anteriores, já pudemos discutir, por exemplo, a crise iemenita – muitas vezes, simplesmente ignorada pela comunidade internacional – e a Conferência de Berlim, ocorrida de 1884 a 1885 e que dividiu territorialmente o continente africano entre as nações europeias.

Para a discussão, a cada aluno inscrito é atribuído um país específico. Desse modo, cada estudante representa uma nação determinada, devendo defender seus respectivos pontos de vista no debate. A semelhança com o Debatendo, outro evento já ocorrido neste ano, não é mera coincidência. Nos dois eventos, colocamos em prática as habilidades de fala e de argumentação, no entanto, no MobMUN, costuma-se dar destaque a questões internacionais, em vez de nacionais – as quais são focadas no Debatendo, por sua vez.

Mais do que representar um país, os estudantes ainda podem se inscrever como membros da imprensa, devendo atuar como jornalistas para realizar a cobertura do evento. Nesse caso, os alunos fotografam e retratam o evento, escrevendo notícias em dois blogs e em uma conta no Instagram. Ao final de cada dia do MobMUN, os jornalistas ainda preparam um jornal impresso em que coloca em pauta tudo o que ocorreu nas discussões dessa data.

Este ano, do dia 25 ao 28 de junho, o tema discutido no evento foi a Primeira Guerra Mundial, situando os alunos entre 1914 e 1918. O conflito foi causado, principalmente, por um sistema de alianças formado entre nações europeias e por uma corrida armamentista que assolava o continente europeu. Antes mesmo de a guerra se iniciar, ela já estava pronta para acontecer. O estopim de tudo foi o assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do Império Austro-Húngaro. Assim, com os alunos situados no início do século XX, para a imprensa, foram selecionados o jornal estadunidense The New York Times e o britânico conservador The Telegraph, os quais, à época, já realizaram a cobertura do conflito.

Nos quatro dias de evento, os jornalistas publicaram seus trabalhos em https://www.instagram.com/imprensa.debates/ (Instagram dos dois jornais), https://thenewyorktimesweb.wordpress.com/ (blog do The New York Times) e https://thetelegraphweb.wordpress.com/ (blog do The Telegraph).

O projeto objetiva a ampliação do debate e da discussão entre os alunos do Ensino Médio, seja por meio da fala, representando países, ou da escrita, ao representar um jornal. O evento é, ainda, organizado pelos próprios estudantes, os quais constituem uma comissão – subordinada ao grêmio da escola, Glória Martini – para conduzi-lo. O papel dessa comissão é, resumidamente, convocar mais estudantes para a simulação, atribuir os países e os jornais aos inscritos e chamar ex-estudantes da escola que possam mediar a discussão. São este últimos, os ex-alunos, que formam as chamadas mesas, que podem conduzir o debate, ou ainda organizar a cobertura do Comitê de Imprensa. No primeiro caso, as mesas regulam as listas de chamada e o tempo de discurso que cada delegação terá. Elas dão a palavra a cada um e ainda avaliam os debatedores. No segundo caso, as mesas avaliam cada jornalista e suas respectivas reportagens, acompanham a cobertura do evento e também aconselham os estudantes para que esta seja feita da melhor forma possível.

Na imprensa, por meio das entrevistas, das reportagens e dos artigos publicados, os jornalistas puderam observar a influência do jornalismo no cenário bélico, conseguindo, além de discutir o assunto, protestar contra a perseguição e os questionamentos feitos aos veículos de imprensa – os quais não se limitam ao início do século XX, se aplicando também à atualidade.

Mesmo sendo mantidos o gatilho e o contexto do conflito – em relação ao que aconteceu de fato entre 1914 e 1918 –, o desenrolar do debate e sua conclusão foram completamente distintos daqueles da Grande Guerra. Ao representarem nações participantes da guerra, por meio do debate e da diplomacia, os alunos chegaram a uma proposta de resolução da guerra, desenvolveram tecnologicamente seus países, encontraram alianças mais prósperas e saudáveis e até evitaram qualquer uso de armas químicas. Ao mesmo tempo que debatiam, os alunos também desenvolviam estratégias de guerra com aqueles que faziam parte de suas alianças em outras duas salas destinadas ao evento. Talvez todo esse caráter diplomático não fosse possível durante os, aproximadamente, quatro anos de conflito. Contudo, os estudantes conseguiram mostrar como a discussão é imprescindível e por que esta deve ser sobreposta à força e à guerra.

A seguir, compartilharemos dois relatos das experiências dos alunos:

“Como aluna do primeiro ano, eu nunca havia participado do MobMUN. Os membros da comissão passaram nas salas, e uma das minhas amigas até se inscreveu para debater e me chamou para formamos uma dupla. No fim das contas, ela teve que representar a nação sozinha porque, realmente, debater não é o meu forte. Mesmo assim, eu quis participar, pois tinha achado o projeto muito interessante. Então, optei pela imprensa. Logicamente, no primeiro dia, eu estava uma pilha de nervos. Eu não sabia o que fazer, como ou onde. Mas, durante os dias, eu consegui aprender, por exemplo, a administrar um blog no WordPress, a escrever notícias e reportagens – gêneros textuais com os quais eu não havia tido muito contato –, além de aprender a compreender com mais profundidade como lidar com diferentes pontos de vista e transmiti-los adequadamente. Enfim, posso dizer, com certeza, que a simulação me forneceu experiências interessantes (como entrevistas com perguntas brutalmente honestas e respostas hesitantes) e um novo respeito pelos repórteres e jornalistas, pois notei que é uma profissão muito trabalhosa.”

(Luana Kitagawa Cunha Soares, aluna do 1º ano do Ensino Médio.)

“No MobMUN, ao representarmos delegados e jornalistas, somos inseridos em uma rotina distinta da escolar. Em três anos de evento, o projeto ainda é capaz de me surpreender com as discussões que promove. Neste ano, como membro do Comitê de Imprensa, pude participar ativamente do contexto histórico da Primeira Guerra Mundial, entrevistando delegados, escrevendo reportagens e montando um jornal impresso. Ao debatermos, seja como delegado ou como jornalista, somos introduzidos em novas perspectivas e podemos aprender a conciliar diferentes pontos de vista. Na imprensa, ainda temos o desafio de lidar com o público dos blogs e do jornal, escrevendo no WordPress e também no Instagram. Dessa forma, o MobMUN oferece habilidades essenciais, principalmente a do debate, a todos aqueles que participam do evento.”

(Leonardo Sarvas Cunha, aluno do 3º ano do Ensino Médio.)

Esta notícia foi redigida pelos alunos Luana Kitagawa Cunha Soares e Leonardo Sarvas Cunha, membros da Comissão da Imprensa do evento.