No último sábado de outubro, aconteceu a VI Mostra Literária da Móbile…

Em homenagem aos 90 anos da Semana de Arte Moderna, a VI Mostra Literária da Móbile, exposição intitulada Diálogos e experimentações modernistas, teve como objetivo mostrar ao público os trabalhos desenvolvidos pelos alunos, desde o Infantil 5 até o 3º ano do Ensino Médio.

Assim que entravam na escola, os visitantes eram convidados a viajar no tempo, conhecendo ou relembrando a essência do Movimento Modernista, que se consolidou no Brasil por meio da “Semana de 22”. Assim, inseridos nessa atmosfera de ruptura e liberdade, cada visitante pôde percorrer dois andares de lembranças, reflexões e releituras.

Os alunos do Infantil 5 resgataram as cantigas de roda mais tradicionais de nossa cultura e, em sua exposição, proporcionaram um reencontro dos visitantes com essa tradição, na maioria das vezes, esquecida. Bastava circular por entre as letras das cantigas que era possível ouvir, não raramente, um sussurro (ou até uma voz mais animada) entoando as canções tão marcantes na infância de todos nós.

A música também foi o tema do trabalho desenvolvido pelo 1º ano do Ensino Fundamental: inspirados por Heitor Villa-Lobos, os alunos construíram o Trenzinho caipira.

Em um mergulho sensorial nas cores e sabores dos alimentos que permeiam os contos de Câmara Cascudo e o quadro A Feira, de Tarsila do Amaral, o 2º ano do Ensino Fundamental aprofundou-se nos estudos da descrição objetiva e subjetiva. Com riqueza de detalhes, os ensaios literários, produzidos pelas crianças, deixaram evidente a intensa participação dos pequenos em todo o processo de trabalho.

A tradição popular brasileira também suscitou o encantamento do 3º ano do Ensino Fundamental pelo gênero cordel. Além da produção dos cordéis em folhetos xilogravados, o visitante pôde se aproximar desse universo de ritmos, rimas e pelejas pelo meio digital. Nos computadores, foi possível conhecer a produção dos alunos, enquanto nos painéis o visitante pôde acompanhar todo o processo de criação registrado em fotos. O cantinho mais disputado dessa exposição foi, sem dúvida, o de produção de cordéis. Cada visitante foi convidado a produzir sua própria sextilha e pôde, assim, sentir na pele as dificuldades dessa produção e o prazer de vê-la pronta e exposta em um dos varais que circundavam o espaço.

A poesia foi o gênero mais abordado na Mostra. A poesia concreta, produzida pelo 4º ano, saltava aos olhos de quem passasse próximo ao grande muro de pedras. As paródias poéticas do 5º ano encantaram por sua maturidade e clara apropriação, por parte dos alunos, dos conceitos modernistas. O muro de poemas mínimos do 6º ano proporcionou grandes reflexões por parte dos visitantes a respeito das questões cotidianas e dos sentimentos que os pequenos poetas conseguiram expressar em tão poucos versos. Inspirados pela poesia marginal, os alunos do 9º ano também conseguiram atingir o público de uma maneira bastante sensível: poemas que refletiam sobre a vida, o tempo, as dúvidas típicas dessa faixa etária, mas não por isso superadas por todos. Nas Ruas Modernistas do 8º ano, reflexões sobre a cidade de São Paulo, com seus aspectos positivos e desafios da modernização, apresentaram-se pelo viés poético.

O 7º ano, adotando, como mascote e tema de trabalho, o jegue, animal tão representativo da cultura popular brasileira, teve como objetivo trazer à tona uma grande questão: há limites para a modernização? Defendendo a figura do jumento, os alunos convidaram cada visitante a fazer parte da campanha Save the jegue.

Por fim, os alunos do 1º e do 2º ano do Ensino Médio resgataram um gênero tipicamente modernista: os manifestos. Abordando temas de sua realidade, muitas vezes escolar, os alunos expuseram suas opiniões e mostraram grande força argumentativa em uma exposição com a cara da juventude contestadora.

Dentro desse espírito questionador da Semana de 22, os alunos do 2º ano do Ensino Médio produziram vídeos tendo como ponto de partida as reflexões desenvolvidas nas aulas de Filosofia.

Como parte da Semana Literária, aconteceu também o X Concurso Literário da Móbile. Com muitos alunos inscritos e textos belíssimos, o Concurso teve seu resultado divulgado em um espetáculo realizado pelo grupo de teatro do 3º ano do Ensino Médio. Nessa apresentação, os atores e músicos resgataram textos, poemas e músicas bastante representativos do Movimento Modernista brasileiro e anunciaram os textos vencedores.

Além das exposições dos trabalhos, houve também a já tradicional Feira de Livros.

A biblioteca da escola também foi um lugar com grandes atrações: as contações de histórias aconteceram ao longo de toda a manhã, e uma incrível Árvore de histórias permitiu aos convidados ouvir narrativas contadas pelas próprias crianças.

Como encerramento da Mostra, Rita Rameh e Luis Waack, acompanhados de sua banda, honraram a Móbile com seu show de lançamento do CD Embolada. Com músicas de indiscutível qualidade, os convidados encerraram seu percurso em um evento que, sem dúvida, marcou por sua qualidade e, principalmente, por sua sensibilidade.