O ofício do cronista

17 de maio de 2019


A crônica, gênero estudado pelo 9° ano no 2° bimestre, é o lugar do banal, dos detalhes insuspeitados – daqueles que nem sequer sabem-se merecedores de tal desígnio. Ela pede ao escritor que se desacostume do mundo: é preciso acordar os olhos para o corriqueiro e achar a ênfase do que é considerado menor. Assim, engajados na tarefa de acordar os olhos para os motivos e inspirações relacionados à produção de crônicas, os alunos receberam o escritor Fabrício Corsaletti no dia 16 de abril para uma conversa mediada pelo professor de Língua Portuguesa Rogério Viana Gusmão.

Fabrício é formado em Letras pela Universidade de São Paulo e já publicou diversos livros, passeando não só pela crônica, mas também pela poesia, pela novela, pela literatura infantil e pelo conto. Atualmente, é colunista da revista sãopaulo, do jornal Folha de S. Paulo, e veio trazer aos alunos sua experiência com o trabalho criativo do texto, além de responder a inquietações e perguntas. A ideia primeira era aproximá-los das características fundantes do gênero e, de quebra, promover o contato com o processo de escrita a partir dos relatos de quem o faz profissionalmente.

As perguntas surgiram no sentido da formatação do texto e de seu conteúdo: o que é, propriamente, uma crônica? O que fazer para que ela fique mais interessante? Fabrício, no decorrer da discussão, apontou o fato de esta não ser uma piada continuada ou um texto que pretende convencer o leitor: não, a crônica é da ordem da experiência subjetiva, de um ponto de vista que não descarta o humor, mas também não o abrange como palavra de ordem. É necessário, para expressar com qualidade essa subjetividade, estar à vontade com a própria imaginação. Para escrever um texto interessante, há de se ter intimidade com a própria distração e aguçar as percepções – abre-se, assim, a possibilidade para o caráter coletado da criatividade nessas circunstâncias: a crônica está lá, basta apenas fisgá-la.

O autor respondeu também a questões sobre o tempo que se leva para escrever e finalizar um texto como esse, falou sobre o mercado editorial, indicou leituras aos alunos e citou autores renomados que o inspiram. O encontro foi essencial para aprofundar os estudos sobre o gênero que culminarão na produção de uma crônica a partir da experiência vivida no Estudo do Meio, em São Luiz do Paraitinga.