A opção pela história silenciada
22 de março de 2019
A pesquisadora, artista visual e escritora Marie Ange Bordas esteve na Móbile no início de março para conversar com os alunos do Ensino Médio sobre seu trabalho com comunidades de refugiados no Quênia, a convite da equipe de História e dos professores envolvidos no projeto Móbile na Metrópole. Marie é gaúcha de nascimento e nômade por opção; já morou na França, no Quênia, na Inglaterra e na África do Sul.
A forma como a pesquisadora exerce sua profissão é multidisciplinar — ela mistura formatos, mídias e tipos de arte para falar sobre temas e pessoas pelos quais se interessa. Escolheu, desde pequena, as histórias silenciadas, esquecidas, entendidas como secundárias em relação a uma História mais tradicional dos vencedores. Isso dirigiu seu olhar para os múltiplos trabalhos que faz hoje, sobretudo com crianças. Quilombolas, comunidades indígenas e refugiados (os nômades ou quase desterrados por necessidade) a interessam particularmente.
Por três horas, a partir de notícias do cotidiano relativas ao Dia Internacional da Mulher, Marie Bordas explorou sua opção de trabalhar com imigrantes por meio da arte e da possibilidade de contar histórias. Nossos alunos puderam conhecer um universo rico de experiências estranhas às formas tradicionais de ter e pensar uma profissão, sempre partindo do olhar mais humano e empático sobre o outro. Como disse Bordas, é preciso pensar a forma como nos colocamos diante do desconhecido – só há realmente contato e aprendizado se isso for feito de forma genuína e aberta.
Em um momento em que as relações entre pessoas desconhecidas parece tão permeada pelo medo, a conversa possibilitou que nossos alunos refletissem um pouco mais sobre a necessidade de acolher e ser acolhido e sobre o significado de refúgio – na terra, no outro –, com suas possibilidades, impermanências e tensões.