Precisamos debater

26 de abril de 2016


No mês de abril, um grupo de alunos do Ensino Médio da Móbile participou de uma discussão que englobava as questões por trás dos conflitos nucleares: a ameaça das bombas da Coreia do Norte ao mundo, as sanções econômicas europeias ao Irã, os tratados de não proliferação nuclear, entre outras. Ainda que sejam de relevância inestimável para o mundo contemporâneo, essas questões não são a parte mais importante do debate. O processo, por outro lado, sim.

Nestes tempos de intolerância, de alta polarização política, de mais monólogos narcisistas do que diálogos efetivos, a participação em projetos que visem à discussão se faz fundamental na construção de uma sociedade civil mais tolerante e consciente de que não há respostas para tudo, mas em tudo cabe o debate. É justamente nisso que consiste o Debatendo, um espaço para o crescimento individual e para a reflexão sobre as questões do mundo contemporâneo.

Com base na autonomia dos alunos e em seus anseios por um espaço de pensamento crítico, a comissão do Debatendo (Guilherme Rosito, Mariana Castro, Noélly Flôr, Pedro Sant’Anna e Ricardo Feliz) organiza um evento em que alunos representam países numa simulação da ONU e discutem questões mundiais contemporâneas, seguindo a formalidade e o protocolo característicos de tal organização.

Como já visto em muitos desses debates realizados em anos anteriores, os delegados (é assim que, comumente, nos referimos a cada participante) crescem muito, tanto num nível retórico, que diz respeito ao seu crescimento argumentativo e coesivo, quanto num nível pessoal, ligado ao crescimento da tolerância, da razão crítica e dos valores de cidadania. O primeiro Debatendo de 2016 foi mais uma prova da eficácia desse projeto.

Como foi o primeiro evento, muitas caras novas o prestigiaram, com ideias novas, problemas novos e pensamentos novos. Estávamos muito ansiosos para ver como seria o Debatendo. Resultados melhores não poderiam ser obtidos. Muitos dos “novatos” surpreenderam as expectativas.

No começo, só os “veteranos” falavam, mas percebíamos a vontade dos “novatos” de se colocarem na discussão, de participarem e crescerem, de sentirem o êxtase que é levantar da cadeira para falar e fazer política. O tempo passava e nada… Até que os novos foram incentivados a se colocarem. Com o tempo, os navegantes de primeira viagem sentiram-se confortáveis no ambiente da simulação e, com um incentivo da mesa, começaram a posicionar-se mais e melhor, garantindo, assim, a fluidez do debate.

Mantendo a cultura do debate na Móbile, nós da comissão acreditamos estar tomando atitudes em prol da construção de um outro futuro. Mais tolerante, com pessoas mais críticas, mais focadas em resolver problemas do que em distribuir responsabilidades. Não poderíamos, porém, terminar este texto sem agradecer à Móbile pelo espaço cedido e por acreditar, como nós, na discussão como ferramenta de mudança. Agradecemos também aos alunos pelo compromisso, engajamento e vontade de mudar e debater.

Destarte, debatamos!

Guilherme Rosito e Ricardo Feliz são alunos do 3º ano do Ensino Médio.