PROJETO CONVIVER MELHOR 2018

16 de maio de 2018


Segundo Josep Puig, educador catalão, a participação do alunado na vida da escola é um dos pilares da formação humana e, provavelmente, uma das melhores aprendizagens de democracia que pode ser realizada durante a idade escolar. Tal participação é regida pelos princípios de igualdade, liberdade, participação e justiça.

O desafio para aquele e aquela que educam é conciliar, no exercício cotidiano da participação dos alunos e das alunas na escola, a função formativa e o cumprimento dos princípios democráticos.

Nesse sentido, todos os anos, o Projeto Conviver Melhor promove a formação ética e moral do indivíduo visando à melhoria das relações que se estabelecem entre as várias esferas sociais no exercício coletivo da democracia na escola. Nesse projeto, a comunidade escolar:

  • reflete coletivamente sobre as práticas cotidianas, considerando os problemas vividos e as possíveis soluções;
  • propõe ações que busquem a melhoria da convivência, vivencia situações de circulação de ideias, para que aprenda a contrapor posições, refletir sobre elas, considerar diferentes argumentações e embasar-se nos princípios democráticos para a tomada de decisão;
  • desenvolve sua corresponsabilidade quanto à elaboração de práticas que favoreçam um convívio justo, voltado para o interesse e bem-estar da maioria.

No ano de 2018, o Projeto Conviver Melhor da Escola Móbile tem como prioridade refletir sobre algumas práticas cotidianas relacionadas ao uso das redes sociais, considerando os problemas vividos e as possíveis soluções propostas pelos alunos e alunas.

Uma das estratégias defendidas por Puig para a participação democrática do alunado é a assembleia escolar, um momento organizado para que estudantes, professores e professoras, coordenadores e coordenadoras possam tratar democraticamente de tudo que lhes pareça pertinente para melhorar a convivência.

A assembleia, sendo uma situação de aprendizagem, mobiliza alunos e alunas a participarem de forma ativa e significativa na discussão de uma temática, vivendo diferentes papéis, como: redator, aquele que registra todas as proposições feitas pelo grupo; organizador, aquele que tem a responsabilidade de inscrever e conceder a fala aos que se candidatam. Também é importante ressaltar o papel do mediador, aquele que retoma falas importantes, direciona-as para que o objetivo da assembleia seja garantido e sintetiza as ideias.

Neste ano, os alunos e alunas do 2º ao 5º ano do Ensino Fundamental I focaram como discussão do Projeto Conviver Melhor o uso compartilhado dos diferentes espaços da escola. Refletir sobre o modo como queremos conviver nos diferentes momentos e espaços é um exercício democrático que exige uma grande capacidade de empatia. O projeto é uma oportunidade para que os alunos exercitem sua postura cidadã e percebam as suas necessidades e as do outro, seus direitos e seus deveres por meio da participação nos debates em pequenos grupos e na assembleia coletiva em que ações são acordadas. Dessa forma, as crianças percebem que dividir os espaços e conviver com as diferenças enriquecem as experiências no ambiente escolar.

Já o com os alunos e alunas do 6° ao 9° ano, o projeto foi organizado em quatro etapas. Na primeira e na segunda etapa, em formato de assembleia, foram elencados os problemas vividos nas relações estabelecidas nos espaços virtuais e, em seguida, encaminhadas propostas de solução e intervenções preventivas e corretivas. Na terceira etapa, os grupos-classe se reuniram para produzir uma apresentação que comunicasse o que foi acordado nas assembleias. Por último, no auditório, cada série apresentou, a partir de diferentes recursos comunicativos, propostas de ações planejadas a curto, médio e longo prazo que serão implementadas no decorrer do ano.

Confira a seguir as propostas elaboradas pelas diferentes séries.

2º ao 5º ano

Nas séries iniciais do Ensino Fundamental, é preciso que as crianças experimentem a convivência com os pares e entendam que a vida coletiva traz inúmeros benefícios, mas que também oferece desafios. Refletir sobre meios de tornar a vivência no espaço escolar organizada e respeitosa, para que todos possam usufruir do contato com o outro e ter seus direitos respeitados, é um ensaio importante de cidadania.

Por isso, na primeira etapa do projeto do Ensino Fundamental I, os estudantes, junto com seus colegas de classe, levantam problemas enfrentados na convivência com os demais alunos. “As crianças mais velhas não deixam os menores jogarem na quadra”, “Alguns alunos sentam nas escadas durante o recreio e a gente não consegue passar”, “No começo da manhã as pessoas que usam a quadra deixam as malas fechando a porta e ninguém consegue entrar e nem sair de lá” são alguns exemplos de relatos feitos pelas crianças.

Sempre com o foco em “Como queremos conviver?”, questão norteadora do projeto, acontece a segunda etapa do trabalho, na qual os problemas levantados são classificados em temas que servem de disparadores para discussões em grupos com representantes de todas as turmas do 2º ao 5º ano. Ouvir o outro com atenção e compartilhar seus pensamentos e ideias são habilidades necessárias durante essa etapa. Desse encontro saem soluções para as situações trazidas pelas crianças.

Soluções acertadas, inicia-se a terceira etapa do projeto, momento em que cada sala fica responsável por pensar em meios para viabilizar as decisões tomadas coletivamente e, além disso, organizar uma apresentação em que serão comunicadas todas as decisões aos colegas de Fundamental I, em uma grande reunião no auditório da escola.

Por fim, cada turma coloca em prática o que ficou acordado nas etapas anteriores e as crianças experimentam uma forma de conviver organizada por elas próprias, com mediação dos educadores da escola. As regras, os combinados e a divisão dos espaços passam a fazer mais sentido para todos, que, com essas vivências, experimentam a importância da existência das regras, organizando os direitos e deveres de todos para uma convivência mais harmônica.

6° ano (vídeo)

Embora várias das crianças do 6º ano já se comuniquem por meio das redes sociais, trazer os telefones celulares para a escola é uma novidade inserida no ingresso ao Ensino Fundamental II. Assim, o grande desafio inicial é estabelecer os parâmetros para seu uso escolar. Por isso, o grande eixo da discussão com os alunos do 6º ano foi valorizar o convívio que o cotidiano escolar favorece: os diversos alunos, de várias idades, um espaço moldado com diversos estímulos, os desafios de enfrentar conflitos e de estabelecer laços, entre outros. Delinear que os celulares podem ser utilizados apenas no horário da saída, e que durante o período de aulas ele pode ser utilizado com a supervisão dos professores, foi uma tarefa conquistada.

Outra esfera da nossa discussão, que muitas vezes ocorre para além dos muros da escola, mas que tem repercussões frequentes na instituição escolar, foi a qualidade das comunicações nas redes sociais. A discussão sobre a exposição do outro, quer seja por meio de fotos, vídeos ou comentários ofensivos, foi o foco que orientou as assembleias do 6º ano. Os casos trazidos para discussão, baseados em fatos reais, serviram de estímulos para que diversos pontos de vista fossem apontados – com certeza, uma proposição para o exercício da empatia. O modelo adotado, as Assembleias de Classe, referência do vídeo do 6º ano, foi um formato que propiciou a troca de informações, o conhecimento dos colegas e um parâmetro que possa orientar a convivência virtual.

7° ano (vídeo)

No 7º ano, o uso do celular e a participação em redes sociais são práticas comuns no dia a dia da maioria dos alunos e alunas. Mas nem sempre é fácil para os pré-adolescentes saber como controlar o tempo de acesso e estabelecer relações amigáveis e seguras. Por isso, como é possível aprender a se colocar no mundo virtual de forma responsável?

Neste ano, o formato da assembleia escolar, privilegiando a participação mais democrática de todos, foi essencial para dar voz a esses jovens internautas, pois a maior parte já vivenciou situações de exposição pessoal ou de colegas nas redes sociais. Como ponto de partida, a partir de campanhas publicitárias, charges e textos diversos que circulam na esfera social, os adolescentes reconheceram que postar informações sobre o outro sem permissão, compartilhar conversas privadas em ambientes virtuais públicos e usar o anonimato para se expressar são ações que podem gerar muitos problemas. Em seguida, após as discussões, cada turma preparou apresentações que representassem as situações cotidianas de modo muito próximo à realidade por meio de fake chats, dramatizações e descrições de como se comportar virtualmente.

Na rotina escolar, para fins pedagógicos, alguns dispositivos móveis estão inseridos em atividades que demandam uma postura mais participativa dos estudantes em sala de aula, a partir do acesso a aplicativos que colaboram para o compartilhamento do conteúdo estudado, a produção colaborativa de textos coletivos, a pesquisa bibliográfica, a autoavaliação de atitudes e comportamentos, entre outras, que servem como modelos de uso produtivo dessas novas ferramentas.

Trocando experiências e pontos de vista em assembleia, o 7º ano descobriu que vale a pena fazer o exercício da empatia. Prever os sentimentos envolvidos e se colocar no lugar do outro pode ajudar a refrear ações equivocadas.

8° ano (vídeo)

No 8º ano, ainda que cada turma tenha dialogado sobre uma problemática central, todos os grupos mostraram, por meio do tema selecionado, grande preocupação com a questão da exposição das pessoas nas redes sociais. Os alunos discutiram o uso da imagem do outro nas redes sociais, a menção ofensiva que se faz às pessoas nessas redes, a necessidade de conscientização sobre o uso da própria imagem etc. Além disso, perceberam a necessidade de termos maior informação sobre as questões legais atreladas ao uso das redes sociais.

O formato de assembleia repercutiu positivamente nas turmas de 8º ano, que reconheceram essa estratégia de diálogo coletivo como extremamente proveitosa para que o grupo chegasse de fato a conclusões. No vídeo a seguir, alguns estudantes explicam como funciona a assembleia de classe e ressaltam os benefícios percebidos pelo grupo.

9° ano

Depois das discussões e reflexões vividas intensamente nas assembleias sobre o uso das Mídias e Redes Sociais, o 9º ano foi convidado a propor ações que tivessem algum impacto positivo no dia a dia de seus colegas na escola. Nossa grata surpresa foi a proposta, por parte dos alunos, de sensibilizar, além dos colegas, os professores e os pais.

Cada uma das cinco turmas elegeu uma frente de ação e elaborou propostas que serão colocadas em prática ao longo de 2018.

A capacidade de organização, engajamento e trabalho de nossos alunos está cada vez mais expoente e valorizada neste projeto, e ficou visível também nas apresentações que cada grupo realizou para as outras turmas, no início do ano, numa grande plenária no auditório. Para tanto, utilizaram recursos como apresentações em PowerPoint, trechos de filmes e séries, trechos da legislação sobre o tema, apresentações orais e até esquetes para sensibilizar e envolver a plateia.

Confiram, a seguir, os temas e algumas propostas das turmas de 9º ano para minimizar o impacto negativo do uso inadequado das novas mídias e redes sociais:

9º A 9º B 9º C 9º D 9º E