Sobre a Poli
29 de março de 2014
A seguir, ex-alunos da Móbile nos contam sobre sua experiência universitária.
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Sobre a Poli Alexandre Jereissati Haddad |
Como todos já devem imaginar por eu estar escrevendo este texto, eu também estudei na Móbile. E acho muito importante ressaltar esse fato para entender como eu cheguei à Universidade de São Paulo e o que eu encontrei na tão nomeada Escola Politécnica.
Nunca tive dúvida em relação à minha escolha profissional, sempre quis ser um engenheiro e, desde que eu decidi que gostaria realmente de estudar em uma universidade pública e bem conceituada, a Poli era a única coisa em que eu pensava. Na Móbile, sempre tive todo o apoio de amigos, professores, coordenadores e de todos ao meu redor que me conheciam e sabiam que eu estava me esforçando para conseguir o que eu queria. E foi assim, na FUVEST de 2008, que eu consegui entrar na Poli.
A Escola Politécnica foi fundada em 1893 e somente em 1934 foi incorporada à USP, deslocando-se para a Cidade Universitária. Inicialmente, ela era localizada na Av. Tiradentes, no centro de São Paulo. Acredito que essa mudança fez muita diferença para os alunos, que deixaram de conviver somente com engenheiros e passaram a conviver com uma universidade inteira. Dentro da Cidade Universitária existem mais de 20 unidades de ensino, um Centro de Práticas Esportivas (CEPE), laboratórios de pesquisa, museus, dezenas de bibliotecas, uma diversidade de pessoas difícil de encontrar em outra universidade na cidade de São Paulo.
Logo que entrei na Poli, descobri uma diversidade de outras coisas. Já na primeira semana de aula, foram apresentados a todos os “bixos”, em uma semana de integração, diversas atividades e grupos que existem na Poli, e na minha opinião essas oportunidades formam uma das grandes vantagens de estudar na Universidade de São Paulo. As principais entidades formadas por aluno dentro da Poli são: a Atlética, o Grêmio, os Centro Acadêmicos, a Poli Júnior e a Equipe Poli de BAJA. Dentro desses grupos é possível realizar muitas atividades, desde organizar festas, campeonatos esportivos, adquirir um pouco de experiência profissional logo nos primeiros anos de faculdade, até desenvolver carros para competições internacionais de engenharia.
Além desses benefícios apresentados, estudar na Escola Politécnica é muito bom profissional e academicamente. Primeiramente, é interessante falar que a economia do Brasil e a situação macroeconômica está muito favorável, ou seja, o país necessita de pessoas qualificadas para trabalhar, necessita de engenheiros de todas as áreas e, portanto, dentro da Poli, ninguém ficará sem trabalho. Por ser uma das escolas de engenharia mais bem reconhecidas de todo o Brasil, diversas empresas gostam de engenheiros politécnicos. Seja em uma instituição financeira ou em uma empresa multinacional, o engenheiro formado pela Poli é muito visado no mercado de trabalho, porém isso não significa que lá seja um lugar muito tranquilo de se estudar.
Exatamente por possuir essas características e ser reconhecida, a Poli é uma instituição que cobra bastante dos alunos e, na minha opinião, nem sempre devolve na mesma moeda. Logo no primeiro ano de faculdade, que é comum para todas as engenharias, é possível perceber a diferença entre uma escola, principalmente como a Móbile, e uma universidade pública. Dentro da universidade, os alunos possuem uma liberdade muito maior do que se tem dentro da escola, porém é uma liberdade um pouco enganosa. Nos meus primeiros anos, eu percebi que a minha relação com a universidade já não tinha nada a ver com meus pais, e todas as atitudes que eu tomasse daquele ponto em diante seriam de minha responsabilidade e de ninguém mais. Em outras palavras, não havia um coordenador que me alertasse sobre minha situação na escola. Esse ponto parece muito bom no começo, porém, depois de passar um tempo, você percebe que a falta de atenção dada ao aluno na Poli pode vir a ser um problema. No início, praticamente nenhuma matéria cobrava presença dos alunos, as aulas muitas vezes eram ministradas por professores sem nenhuma didática, era muito difícil acompanhar a matéria, que apresentava listas de exercícios muito grandes de trabalhos, e era muito difícil organizar todos os documentos entregues pelos professores, quando entregues, e acompanhar bem o curso. Logo, foi um ano de aprendizagem com amigos e correria atrás de exercícios e provas antigas para conseguir estudar.
Por fim, apesar de todas essas dificuldades que constituem estudar na Poli, ter entrado na USP foi com certeza um ótimo primeiro passo em minha vida acadêmica e profissional. Para mim, estudar na Universidade de São Paulo é mais do que fazer uma faculdade. O governo do estado de São Paulo investe uma parte significativa de sua arrecadação em nossos estudos, e acredito que, mais do que estudar, estamos formando o futuro de nosso país e, com isso, devemos retribuir esse benefício recebido e nos comprometer com os estudos e tentar devolver futuramente para o país tudo o que aprendemos dentro da universidade. Eu tenho muito orgulho de estudar onde estou e acredito que tanto a Móbile, me incentivando para estudar em uma faculdade renomada, quanto a Escola Politécnica, me formando como engenheiro, constituem uma parte fundamental na formação da pessoa que sou hoje.