Sobre Felicidade, Tecnologia e Educação
15 de fevereiro de 2019
“Não quero parecer filosófico, mas por quanto tempo a felicidade pode, realisticamente, durar?” Essa pergunta é feita pelo personagem Rolo Haynes, o peculiar dono do museu de quinquilharias tecnológicas apresentado no episódio “Black Museum”, da série Black Mirror. Problematizar a felicidade e sua duração é tarefa complexa em tempos nos quais as experiências fluidas e pouco significativas permeiam a existência humana. Estaria a tecnologia nos proporcionando fontes inesgotáveis de felicidade ou seria ela um dispositivo que viabiliza o que há de pior na existência humana?
No dia 8 de fevereiro, os alunos do Ensino Médio da Escola Móbile debateram essas e outras questões a partir da análise de dois episódios da aclamada série da Netflix. Em “San Junipero”, um romance improvável originado em uma realidade virtual coloca em discussão até que ponto uma sociedade que se organiza por meio da fuga da realidade consegue ignorá-la. No já citado “Black Museum”, um frustrado empresário do ramo da tecnologia cria um museu para expor artefatos produzidos para resolver problemas, mas que geraram, na realidade distópica na qual a série se passa, consequências catastróficas.
A seleção dos episódios levou os alunos a questionar as ambivalências do desenvolvimento tecnológico. Reconheceram, em “San Junipero”, que a visão otimista da vida na realidade virtual talvez seja a nossa única chance de felicidade. Já em “Black Museum”, discutiram que o avanço tecnológico muitas vezes atende a seus interesses individuais ou ao do sistema em que se inserem, sendo, muitas vezes, uma fonte de prazer hedonístico.
A atividade evidenciou que os adolescentes são capazes de interpretar e conectar essa obra com suas próprias leituras e vivências pessoais e, retomando a temática central dos episódios, mostrou que, embora a felicidade não possa durar para sempre, aparece em momentos nos quais o conhecimento é compartilhado de maneira ampla e honesta.