Tempo de literatura
19 de setembro de 2017
Uma das finalidades do trabalho com os livros de literatura ao longo do Ensino Fundamental II da Móbile é estimular os alunos a desenvolver autonomia de leitura, objetivo para cujo alcance é necessário persistência e regularidade.
Entretanto, não é possível partir do pressuposto de que, para ler autonomamente, basta abrir o livro e ter disciplina. É essencial, sobretudo quando se está diante de um público de jovens de 12 anos, um cuidado com a escolha, a apresentação e a discussão dos livros.
Ciente disso, a equipe de Língua Portuguesa do 7° ano da Móbile escolheu, por exemplo, o livro Momo e o senhor do tempo, de Michael Ende, como uma das leituras de 2017. Trata-se de uma narrativa que, além de apresentar uma protagonista jovem – o que favorece a identificação dos igualmente jovens leitores –, aborda um tema universal: o tempo.
Ao longo da história da humanidade, o tempo tem sido alvo de representações, fabulações, reflexões e questionamentos. O romance de Ende não foge a isso e permite que seus leitores pensem para além da máxima opressora – e infelizmente ainda dominante em nossa época – de que “tempo é dinheiro”.
Mas para que os alunos se sintam mobilizados para esse exercício reflexivo, há que abrir espaço e tempo para fruírem a narrativa e pensarem sobre ela, fugindo da lógica conteudista das avaliações de verificação de leitura. Por isso, a equipe de Português do 7° ano promoveu rodas de leitura e debate ao longo das aulas, além de convidar o professor de Filosofia do Ensino Médio, Felipe Corazza, para dar uma palestra sobre a temática do tempo desde o viés filosófico.
Atividades como essas favorecem que a literatura na escola deixe de ser encarada somente com a perspectiva pragmática da criação de hábito e de habilidade de leitura e passe também a cumprir um papel que sempre foi seu, segundo o crítico literário Antonio Candido: o de agente humanizador.
Para Candido, humanização é “o processo que confirma no homem aqueles traços que reputamos essenciais, como o exercício da reflexão, a aquisição do saber, a boa disposição para com o próximo, o afinamento das emoções, a capacidade de penetrar nos problemas da vida, o senso da beleza, a percepção da complexidade do mundo e dos seres, o cultivo do humor. A literatura desenvolve em nós a quota de humanidade na medida em que nos torna mais compreensivos e abertos à natureza, à sociedade e ao semelhante”.
Em tempos de desumanização extrema, é papel da escola andar lado a lado com a literatura nessa busca, e certamente a atividade com Momo e o senhor do tempo aqui apresentada segue nessa direção.
Clique nos links abaixo para ver trechos da palestra ministrada pelo Prof. Felipe Corazza: