Um bonde bem atual
12 de março de 2018
Obras de arte têm idade. Certas obras de arte envelhecem (alguns poderão dizer que não são, porque envelheceram, arte ‘de verdade’). Outras obras de arte, embora tenham idade, não envelhecem nunca. No mês de fevereiro, os alunos do Ensino Médio e seus professores e coordenadores tiveram a oportunidade de assistir a uma peça de teatro que, incomodamente, sobreviveu ao tempo: Um bonde chamado desejo, escrita pelo dramaturgo estadunidense Tennessee Williams no longínquo ano de 1947.
E por que, afinal, Um bonde chamado desejo não envelheceu? Vamos ao enredo: a peça narra a história da complexa Blanche Dubois, que busca refúgio na casa da irmã, Stella, tentando fugir de seu passado nebuloso. Nesse refúgio, localizado em New Orleans, entra em contato com o bruto cunhado Stanley Kowalski, uma espécie de oposto da personagem. A atualidade do texto de Tennessee Williams reside principalmente no fato de colocar em conflito dois mundos antagônicos: aquele habitado por Blanche, repleto de sonhos, desejos, delicadezas, fabulações, e o de Kowalski, bruto, árido, sem espaço para o perdão e para a sutileza. É no confronto entre esses dois universos que a peça se atualiza e incomoda o público com o machismo, a violência, os preconceitos, os estereótipos e a intolerância, vivenciados com dor pela atormentada Blanche.
Nessa montagem brasileira, dirigida com criatividade por Rafael Gomes, Maria Luisa Mendonça vive Blanche, numa interpretação avassaladora, e Eduardo Moscovis faz o papel do cunhado Kowalski.
Ao final do espetáculo, os alunos puderam participar de um debate com o diretor e os atores e discutir temas importantes suscitados pelo texto de Tennessee Williams.
Acesse este link para assistir a uma reportagem produzida pela TV PUC sobre a peça.