Vacinar é preciso
24 de abril de 2018
No primeiro bimestre, pais e alunos do Ensino Médio assistiram, em nosso auditório, à palestra “Vacina contra febre amarela: o que você precisa saber?”, ministrada pela Dra. Mônica Levi, médica pediatra e uma das diretoras da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), que apresentou temas fundamentais relativos ao recente surto de febre amarela no país, bem como temas mais amplos e correlatos, como a questão da recusa vacinal e o tema da segurança das vacinas modernas.
A Dra. Mônica iniciou lembrando a todos que as vacinas são, provavelmente, o maior presente que a medicina ofereceu à humanidade, trazendo marcantes benefícios em termos de redução da mortalidade para todas as faixas etárias e em todas as populações do mundo. De fato, no final do século XX, o Centers for Disease Control and Prevention (CDC), órgão máximo da saúde pública dos Estados Unidos, publicou uma lista das dez maiores conquistas do país no campo da saúde pública entre 1900 e 1999. Em primeiro lugar estavam as imunizações.
Surpreendentemente, no entanto, há hoje um risco crescente para a saúde pública nacional e mundial, representado pela recusa à vacinação. A Dra. Mônica passou, então, a apresentar as razões para isso, que passam por motivos filosóficos e religiosos, pela crença em notícias falsas e ainda pelo medo de reações adversas. Nesse momento, a palestrante apresentou dados comparativos, mostrando o significativo aumento na segurança das vacinas nos últimos cinquenta anos, devido, principalmente, às novas técnicas de produção desses medicamentos.
Como bem lembrou a palestrante, reside aí um paradoxo curioso: ao fazer com que “desaparecessem” certas doenças – ou ao diminuir sua incidência drasticamente –, como a varíola, o tétano neonatal, a poliomielite, a difteria e o sarampo, as campanhas de vacinação em massa contribuíram para que toda uma nova geração de médicos, pais e educadores ignorassem o perigo e a dor representada por essas doenças. Isso conduziu, paradoxalmente, a uma perda na confiança de que as vacinas são realmente importantes, e essa crença levou algumas pessoas a não mais vacinar seus próprios filhos ou, no caso de alguns médicos e educadores, a não mais recomendar a vacinação. Acontece que a vacinação depende, e muito, do chamado “efeito rebanho”: ou todos nos vacinamos, ou a proteção conferida apenas a alguns poucos não impede o alastramento da doença. Este é o momento, portanto, para se refletir até que ponto o interesse individual pode se sobrepor ao interesse coletivo ou público, e sobre os aspectos legislativos e éticos da vacinação compulsória.
Para finalizar, a Dra. Mônica discorreu sobre os eventos adversos vacinais e sua abrangência na atualidade. De modo mais específico, falou sobre o recente surto de febre amarela e sobre a adoção de medidas emergenciais, tais como as formas de contenção do surto, a estratégia vacinal do Ministério da Saúde ao adotar a imunização com doses fracionadas, o estabelecimento dos locais de maior risco de infecção e, portanto, a priorização de certas populações-alvo no esquema público de imunização contra a doença etc.