Ver com Olhos Livres
28 de outubro de 2012
Poemas mínimos
Muros são contraditórios. Tanto servem para delimitar espaços, conter ímpetos ou impedir passagem, quanto para serem escalados, concretamente, ou transformados em símbolos de resistência e rebeldia por meio das palavras e imagens neles impressos. Do “É proibido proibir” aos dazibaos chineses, até os grafites legais ou não, os muros são suportes para a arte viva das ruas e para a expressão das ideias mais genuínas de uma sociedade.
Os modernistas ultrapassaram todos os muros. Há noventa anos, surgiram no cenário brasileiro, pensaram nossa cultura com olhos livres e mudaram todos os parâmetros estéticos e linguísticos da arte e da literatura.
O trabalho com poemas mínimos passou por algumas etapas. No primeiro momento, a leitura do livro O Mário que não é de Andrade apresentou aos alunos o universo e o contexto histórico dos modernistas. Depois, a leitura, a interpretação e o conhecimento de vários recursos poéticos mostraram a eles a força dos poemas curtos. Em seguida, a apresentação do tema a partir de duas frases de Oswald de Andrade presentes no manifesto Pau-Brasil – “Contra a cópia, pela invenção, pela surpresa!” e “Nenhuma fórmula para a contemporânea expressão de mundo: ver com olhos livres” – provocou a criatividade dos pequenos poetas. Por último, movidos pela delícia de poder colar poemas nos muros da escola, partiram para a produção.
Ensinar a ver o mundo com olhos livres e a voar por cima dos muros também é função da escola.
Valéria de Melo Pereira
Professora de Língua Portuguesa
do 6º ano do Ensino Fundamental